Aguiar Branco, impassibilidade ou desídia?

Numa casa onde a rebaldaria se impôs como marca do quotidiano; onde 49 (+1) deputados subvertem reiterada e perfidamente a instituição, anti-sistema que se prezam de ser; onde os restantes 181 deputados baixam a cerviz aos mais soezes impropérios e às mais indignas condutas, num sórdido espectáculo que os fracassados da vida muito aplaudem...

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  • 14:26 | Segunda-feira, 17 de Fevereiro de 2025
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Aguiar Branco, o presidente da Assembleia da República que o PSD à 4ª tentativa co-elegeu com o PS, tem vindo a evidenciar, por actos e omissões, estar pouco à vontade no exercício da função.

Numa casa onde a rebaldaria se impôs como marca do quotidiano; onde 49 (+1) deputados subvertem reiterada e perfidamente a instituição, anti-sistema que se prezam de ser; onde os restantes 181 deputados baixam a cerviz aos mais soezes impropérios e às mais indignas condutas, num sórdido espectáculo que os fracassados da vida muito aplaudem… Aguiar Branco, o advogado e antigo ministro da Defesa Nacional no governo de Passos Coelho, pela sua inércia, frouxidão, lassidão e aparente tibieza, mais parece ter firmado um acto de compactuação, ao transigir com a patética bandalheira que no parlamento assentou arraiais.

Ademais, das suas intervenções, sempre com finíssimas luvas de pelica, ressumbra um indisfarçado receio no agir, como se temesse ferir as susceptibilidades daqueles que fazem da arruaça reiterada postura e acção.


Percebe-se que Aguiar Branco, brilhante Richelieu de outros salões, aqui tenso e irresoluto, não se consegue mover com determinação e resolução no fato que aceitou vestir a 27 de Fevereiro de 2024, num consulado que dentro de uma ano passa o testemunho a um socialista, na acordada presidência rotativa definida entre o PSD e o PS.

A melíflua, suave e branda postura assenta bem nos corredores de palácios como o de Belém ou das Necessidades, onde é suposto reinar a diplomacia ou o maquiavelismo, na Assembleia da República actual a sua impassibilidade quase se assemelha a desídia.

Conseguimos estar de acordo com o que diz o líder da bancada do PSD, Hugo Soares sobre a actuação do Chega, “Tenho sérias dúvidas de que isto sejam matérias passíveis de serem reguladas. Não há forma de regular a falta de educação“.

Porém, em conferência de líderes, órgão composto pelo presidente da AR e pelos presidentes dos grupos parlamentares, que têm direito a um número de votos igual ao número dos deputados que representam, em derradeira instância, por falhanço da sensatez, do bom senso, da urbanidade e dos mais básicos princípios de civilidade, que é o respeito pelas normas de convívio entre os membros de uma sociedade organizada, e o civismo que é o respeito pelas instituições e leis dessa sociedade, a maioria presente, mesmo a contar antecipadamente com a vitimização da minoria em questão – prática na qual são exímios mestres – pode democraticamente definir regras e penalizar pesadamente desacatos e prevaricações.

Vamos ver se são capazes…

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Publicado em Opinião