Água mole em pedra dura tanto bate até que faz espuma 

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o SEPNA e as Câmaras Municipais de Nelas e Carregal do Sal não têm olhado para este problema com a importância que merece, na salvaguarda de um importante recurso natural para a população de Beijós e das localidades próximas. 

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  • 11:13 | Quarta-feira, 09 de Fevereiro de 2022
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A poluição na Ribeira de Travassos, afluente do rio Dão e que atravessa a localidade de Beijós, no concelho de Carregal do Sal, é um claro exemplo da inoperância das entidades competentes face a um problema de degradação e de abandono dos nossos cursos de água.

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o SEPNA e as Câmaras Municipais de Nelas e Carregal do Sal não têm olhado para este problema com a importância que merece, na salvaguarda de um importante recurso natural para a população de Beijós e das localidades próximas.

Há respostas, sem qualquer sentido, por parte da APA e do SEPNA, onde afirmam que a espuma aparece na Ribeira de Travassos, nomeadamente no Poço da Relva, em períodos de ocorrência de pluviosidade forte ou devido à turbulência por causa dos desníveis, quedas de água e fundo rochoso.


As Câmaras Municipais envolvidas, seja a de Nelas devido à construção da alegada origem da poluição, a ETAR de Nelas III, seja a de Carregal do Sal por ser o território cuja poluição é mais grave também nada fazem. Em Nelas, e segundo informações da imprensa, não ouvem nem respondem sobre o assunto, mas em Carregal do Sal assiste-se a um comodismo difícil de explicar, sobretudo numa estrutura do Partido Socialista (que governa os destinos da autarquia) que tanta influência tem na distrital socialista, como no governo (pelo menos, isso fazem transparecer). 

É importante salientar que existe o Projeto de Resolução nº 1232 / XIV / 2ª aprovado por unanimidade na Assembleia da República, datado de abril de 2021, que prevê a despoluição da sub-bacia hidrográfica do rio Dão, onde está incluída a Ribeira de Travassos, e que cabe ao Governo e às autarquias levá-lo à sua concretização.

De facto, o que temos assistido nos últimos dias são imagens da Ribeira de Travassos completamente cheia de espuma, e não chove há bastantes semanas. As respostas mais recentes das entidades competentes mostram uma completa falta de respeito pela população de Beijós que há décadas beneficia das águas da Ribeira de Travassos, ao mesmo tempo que se degrada toda a zona ribeirinha, incluindo a fauna e flora.

O combate às alterações climáticas também se faz com a preservação dos cursos de água, sobretudo quando estes são uma alavanca de desenvolvimento local num território de baixa densidade. A poluição da Ribeira de Travassos leva ao abandono de pequenos negócios e à degradação da economia local, devasta o meio ambiente e põe em causa a saúde pública. O que mais é necessário para resolver este problema que se arrasta há anos?

 

 

 

 

 

 

 

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Publicado em Opinião