Os resultados eleitorais nos Açores foram um balde de água fria para o PS, que ficou atrás da AD — desde Mota Amaral que tal não acontecia — um motivo de festejo para o CHEGA e uma dor de cabeça para o a AD capitaneada localmente por Bolieiro.
Vamos aos resultados:
PSD – CDS – PPM = 42,08% com 48.668 votos elege 26 deputados;
PS = 35,91% com 41.538 votos elege 23 deputados;
CH = 9,19% com 10.626 votos elege 5 deputados;
BE = 2,54% com 2.936 votos elege 1 deputado;
IL = 2,15% com 2.482 votos elege 1 deputado;
PAN = 1,65% com 1.907 elege 1 deputado.
Os restantes partidos e movimentos não tiveram votos para eleger deputados, a saber, o PCP-PEV, o Livre, JPP, ADN e o MPT Aliança, este último, por curiosidade teve apenas 4 votos.
A AD não tem maioria absoluta pois faltam-lhe 3 deputados. Mesmo indo buscar um deputado à IL e outro ao PAN, fica com 28 deputados. Não dá. Resta-lhe aliar-se ao CH, o que lhe daria 31 deputados.
Bolieiro nunca enjeitou claramente esta hipótese. O líder nacional da AD, Luís Montenegro, por seu turno, durante a campanha, sempre recusou qualquer aliança com este partido.
O PS poderia viabilizar este governo AD. Porém, pela teoria da reciprocidade, não tendo o PSD viabilizado o anterior governo vencedor do PS, este não viabilizará o governo daquela.
Como governar, se sozinha a AD já de si composta por três partidos não o consegue?
Uma aliança com o CH provocaria uma ruptura com Montenegro que poderia, in extremis, retirar a confiança política a Bolieiro.
O caldo está entornado e esta vitória, para já, afigura-se a uma vitória de Pirro, a muitos custos obtida e carreadora de eventuais e incontáveis prejuízos.
O caso é que ninguém parece querer aliar-se a Ventura pelas provas dadas de instabilidade, mormente nos Açores, mas o certo é que o CH anda a pairar como um abutre por cima dos picos mais altos da ilha.