Ergo-me geralmente cedo ou muito cedo. Hoje tirei-me da cama às 05H35. Porquê? Naturalmente por não dormir, dar voltas entre lençóis e não conseguir mais estar deitado. Tão simples quanto isso.
Pequeno almoço: um grande copo de água natural. Uvas, melão e um café. Assim conformado, vamos ao passo 1: ver as notícias na tv da cozinha. Nada a assinalar. Quando há logo sabemos pois num breve zapping (já existe o verbo zapear…) percebemos a premência e o alerta do mesmo conteúdo noticioso.
Um canal qualquer falava da nova coqueluche das redes sociais, a chinesa TikTok e o seu algoritmo inteligente que já “prendeu” uns milhares de milhões de fãs mundo afora.
A certa altura uma jovem australiana testemunhava que “o sonho de qualquer jovem é ser ‘influencer’ no tiktok”, mais atestava ter deixado os estudos no 11º ano, para os quais não era dotada, e ter agora não sei quantos milhões de seguidores. O que lhe conferia um estatuto económico de truz. Aliás, o pai da jovem, atarantado confessava: “A minha filha ganha mais em 10 minutos do que eu e minha mulher num mês.”
Dou cumprimento à rotina matinal. Passo 2. Ligar o computador, ler os emails e eventualmente responder; “postar” (outro verbo novo…) no FB e no Insta (fotos por mim tiradas e curtos textos).
Entretanto a net brinda-me com a informação de que o alho, além de ser excelente condimento gastronómico, tem um efeito calmante e permitir-me-á dormir mais calma e profundamente se puser um dente do dito debaixo do travesseiro. “As substâncias sulfurosas combinadas com o aroma do alho têm um efeito calmante”… quem sou eu para duvidar, assim se rematando “ Você vai dormir como um bebê! “, anseio meu desde os 3 anos de idade…
Passo 3. Reconfortado com esta nova descoberta, eis-me a escrever o presente texto. Seguir-se-lhe-á o editorial de hoje para a plataforma www.ruadireita.pt. Penso no tema e vem-me à ideia algo que me anda há dias no ouvido acerca de “Estado terrorista”. Embora ambíguo e questionável o conceito de “terrorista” em termos de causa/efeito, quem chama o quê a quem, manipulação ideológica feita pelos mass media, ideologias dominantes, etc.
São 07h37. A alvorada apresenta-se cinzenta. Ouça a passarada desperta a chilrear.
Passo 4. Editar 3 textos na plataforma.
Passo 5. Fazer o exercício matinal. Meia hora para desentorpecer. Beber um copo de água e comer um pêssego.
Sair à rua. Passar a comprar o “pão nosso de cada dia”. Tagarelar trivialidades com um conhecido com quem me cruzei. A palavra “cruz”, no sentido de expiação de “pathos”, dor e sofrimento, é tão negativa… mas as religiões sem dor esvaziam-se de sentido.
Vai a manhã a meio. Tempo de ler dois capítulos do último livro ontem recebido “Uma Fenda na Muralha”, 1ª ed. de 1959, do grande escritor neo-realista, Alves Redol.
Desenhar um bonecrito, coisa que me demora entre 5 a 30 minutos e ver 30 minutos da série dinamarquesa “Borgen”, na Netflix. Os escusos semideiros da política pela mão de uma primeira-ministra implacável, Birgitte Nyborg, em notável papel desempenhado por Sidse Babett Knudsen. Aliás, a série é excelente, no seu global. E viciante. Viciante como pode ser o Tiktok, o Youtube, o Instagram, o Facebook… a Netflix. Em suma, o mundo virtual, aquele pelo qual optamos em detrimento de vivermos o monótono e acinzentado mundo real.
Passo 6. Hora de almoço. Em geral, leve. Hoje, em Barrelas com os sobrinhos… mais caloricamente “agitado”.
Tenha um bom dia e goze bem o feriado da Nª Sª da Assunção que, em breve consulta à Wikipédia “é a Virgem Maria em alusão a sua assunção aos céus, também é conhecida como Nossa Senhora da Glória ou Nossa Senhora da Guia. A festa da Assunção é comemorada dia 15 de agosto. É uma comemoração originária de Portugal, mais propriamente de Trás os Montes, sendo feriado nacional.”
E eu acrescento: é dia da romaria à Nª Sª da Lapa e faz precisamente 94 anos que Aquilino Ribeiro e o seu amigo, o médico do Freixinho, António Gomes Mota, se evadiram do Presídio Militar do Fontelo, hoje Solar do Vinho do Dão, por directo envolvimento no 20 a 27 de Julho de 1928, a “Revolta do Castelo”. Mas isso já são contas de outro rosário”…
Foto do meu arquivo, com o advogado Gomes Mota (já falecido), filho do médico António Gomes Mota, atrás referido.
(Fotos DR)