A Viseu Marca, desde a posse de Fernando Ruas como autarca, apesar da Câmara de Viseu apenas deter 48% da estrutura societária, foi alvo de total remodelação dos seus “quadros” dirigentes, tendo Ruas colocado gente da sua confiança política nos lugares de presidência e executivos.
2022 teria sido no dizer deles e afirmado com reiterada pompa e circunstância, o ano de todos os recordes de bilheteira e de afluência de feirantes e profusão de diversões. O que fazia prever um estrondoso sucesso que, naturalmente, se espelharia no balanço das contas finais.
Os dois outros “sócios” da Viseu Marca são a AIRV onde pontifica João Cotta, com também 48% e a Associação Comercial (ACDV), com 4%.
Porém, estranhamente, estas duas entidades juntas, com uma maioria de 52%, nada parecem riscar na gestão desta parceria público-privada.
Segundo reza no seu site “A VISEU MARCA é a associação de marketing territorial e de branding de Viseu. Criada em 2016, por iniciativa do Município de Viseu e da AIRV – Associação Empresarial da Região de Viseu, a VISEU MARCA nasceu para criar competências locais e regionais de marketing territorial, contribuindo para promover e valorizar a marca da cidade e região, os seus atributos turísticos, os seus talentos humanos criativos e grandes acontecimentos culturais e económicos, como a Feira de São Mateus, que gere e organiza desde a sua fundação.” Ficámos esclarecidos…
Esta ano a Viseu Marca atrasou-se na apresentação das contas, (26 de Maio de 2023) o que oportunamente noticiámos, provocando “enxaquecas” nos restantes parceiros que, por esse motivo, não conseguiam apresentar as suas contas atempadamente.
E quando o fizeram foram claros ao referir, no caso da AIRV, que o seu resultado líquido negativo de quase 100 mil euros “está completamente influenciado pelo impacto contabilístico nas contas da AIRV dos significativos prejuízos apresentados pela participada Associação Viseu Marca”, apontando para um acto gestionário “completamento alheio à gestão da Direcção da AIRV”.
Mais é referido que na Assembleia Geral de 26 de Maio, a AIRV se absteve na votação da aprovação das contas “tendo em conta a gestão desequilibrada, desenvolvida pelo órgão executivo daquela participada e omissões contabilísticas detetadas.”
E contudo, se Ruas já deveria ter apresentado publicamente as contas que lhe foram solicitadas pela oposição socialista, tal parece não ter ainda sucedido, à data de 19 de Julho do corrente. Porquê? Há algum receio em assumir os resultados ? Não cremos, antes acreditamos que os possíveis prejuízos de muitos milhares de euros, afinal, terão sido resultado da “imperícia” dos gestores e “as omissões contabilísticas detetadas”, um mero pormenor e esquecimento dos responsáveis que, certamente terão clara e cabal explicação para o facto.
Uma questão que nos parece ser plausível: Porque é que a AIRV com a ACDV não nomeiam os gestores e gerem a Viseu Marca, se juntas detêm 52% do capital da sociedade? Dificilmente fariam pior do que o actual executivo…
Quase nos atrevemos a pensar que a Viseu Marca nasceu de parto pouco natural e difícil, gerando lesões no nascituro que, apesar dos pródigos e continuados cuidados curativos, tardam demasiado a desaparecer.
Leia aqui o nosso anterior artigo, quando ainda estávamos cheios de esperança nos fabulosos resultados…