Há uma breve e premonitória citação do final de “A Via Sinuosa”, quando o senhor padre Ambrósio (um outro eu de seu legítimo pai, o Padre Joaquim Francisco Ribeiro), mestre de Libório Barradas (alter ego do jovem Aquilino), justifica e desculpa a irreverência do seu discípulo Libório, perante o fidalgo Malafaia, concitado no envolvimento amoroso com sua bovariana mulher, Estefânia Malafaia, cito:
Nesta breve sinopse do punho do próprio Aquilino sobre as suas efabuladas primícias, felizmente não se cumpriu o augurado ladário de desgraças.
Ele próprio, por seu pulso o exorcisou, como escreve no romance autobiográfico, “O Homem que Matou o Diabo”, publicado em 1930, e simbolicamente esconjurou a malapata e o infortúnio que até aqui haviam sido seu mor calvário e tormento.
A via sinuosa que trilhou foi-lhe adversa, sim, nas contrariedades e atribulações que enfrentou vida fora – e foram tantas! – mas também foi o caminho já não ziguezagueado, mas sim recto, coeso e coerente, passo a passo trilhado, do Homem de lutas, de causas e de modelar verticalidade, bem como o de Escritor, em direcção à consagração como nome maior do panorama literário português do século XX…
… que Aquilino alcançou porque não cansou nem soçobrou aos muitos escolhos e demais atritos que as vicissitudes da vida lhe carrearam carreirais afora.
(Ilustração de Stuart de Carvalhais para a edição especial de 1960)