Vai para mais de um mês que, como cidadão obediente às regras da Nação, me inscrevi para a vacina da gripe.
Como completei os 65 anos, idade que me dá descontos na CP, coisa que em nada me beneficia, dado que os governos da República, numa grande visão estratégica dos transportes e da mobilidade, rebentaram com a linha férrea, que dista 20 km do local de onde escrevo, substituindo-a por ecopistas e por estradas onde ninguém passa, em empreitadas que encheram os bolsos de empresas falidas ou a tal condenadas, aproveitei para me proteger, até com receio que a Covid me apoquentasse.
Entretanto, faltam as vacinas da gripe, razão pela qual ainda não levei a picadela da agulha redendora.
Na era da tecnologia, pergunto-me se será difícil os organismos centrais da saúde saberem quem tem mais de 65 anos e os que têm doenças de risco? Depois, seria só somar, encomendar a tempo e horas, distribuir e vacinar. A resposta a esta questão, encontrei-a na crónica falta de antecipação e de planeamento. E na diferença entre o discurso oficial, optimista, luminoso, mentiroso, e a verdade da rua, do que falta e do que não chega. E Graça Freitas, ainda DGS, tem a desfaçatez, a pouca vergonha, o desplante de afimar: ” Claro que sim, alguns portugueses vão ficar sem vacina da gripe. É só fazer contas”.
Andam mesmo a gozar com a gente. A fazerem de nós parvos, é o que é. E a contarem com o silêncio e a apatia dos cúmplices. E, por favor, não me chamem de fascista. Dêem-me antes razões para não reclamar.