Primeiro, foi Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e da Acção Climática, a ser atacado com balões de tinta verde por um grupo de três jovens activistas climáticos, quando participava numa conferência sobre transição energética, que contava com a participação da Galp e da EDP.
Mais recentemente, foi a vez de Fernando Medina, quando falava numa aula aberta, na Faculdade de Direito, em Lisboa, sofrer da mesma verrina, usando os activistas igual ferramenta.
São protestos de tasca, sem ponta por onde se lhe pegue. Impedir alguém de falar, de expor os seus pontos de vista e apresentar os seus argumentos, não me parece ser uma atitude inteligente, nem um bom serviço prestado à causa ambiental. Agredir pessoas que estão no legítimo uso da palavra, defendendo o que lhe parece ser correcto, é um acto gratuito e absolutamente irresponsável. Invectivar quem pensa de forma diferente, e obstaculizar a sua expressão livre, é uma atitude reprovável e insensata. Atacar quem tem toda a autoridade para livremente falar de assuntos sob a sua responsabilidade, é próprio de arruaceiros e sinal de alguma burrice.
A intolerância é mais própria de radicais e de extremistas que, mesmo convivendo em democracia, nada contribuem para o seu fortalecimento, interessando-lhe mais desacreditá-la e diminuí-la aos olhos de quem se sente insatisfeito e preterido.
As democracias vivem do contraditório e dos opostos, fortalecem-se com as contestações e as manifestações, no respeito do ideário de cada um. A democracia é disputa, não é intimidação, e dispensa bem estes abalroamentos.
Ter mão branda na responsabilização destes díscolos, será sinal de fraqueza, não fazer queixa dos autores destas atitudes politicamente censuráveis, será uma benevolência que terá graves custos sociais. Não nos façamos de distraídos e de bonzinhos, pois assim o exige o interesse nacional.
(Foto DR)