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Jéssica Ferreira
Está hoje na ordem do dia e na boca de milhões de portugueses o grito de revolta sentido pelo escandaloso aumento sistemático e semanal dos combustíveis.
A indignação subiu de tom e, apesar do governo nada ter a ver com esses aumentos sucessivos e quase provocatórios, a raiva é para ele virada. E isso pode trazer consequências imprevisíveis para António Costa, que tem vindo a cavalgar uma onda de popularidade a qual, se bem que em decréscimo, o mantém sem esforço à tona de água.
António Costa, “animal político”, tem sabido contornar sucessivos e graves problemas, assim como tem menosprezado outros. A forma como lidou com a pandemia foi, apesar de todas as imensas vicissitudes, quase exemplar. Sofrível sendo o modo como protege governantes que sobressaem pelas sucessivas “embrulhadas” que arranjam.
Se o ISP representa hoje uma entrada anual nos cofres do Estado da ordem dos 3.500 milhões de euros, não deixa também de ser verdade que a margem de lucro das distribuidoras, de 2019 a 2021, aumentou 33%.
Ou seja, hoje, em média, na gasolina têm um lucro de 0,27 € / litro e no gasóleo de 0,21 € / litro. O que significa que se um cidadão atestar o depósito do seu automóvel com 60 litros de gasóleo, está a pagar à distribuição 16,2 €.
Se o ISP arrecada 3.500 milhões de euros e fazendo fé na função social redistributiva dos impostos, em geral, pela Saúde, Educação, Cultura, etc. (e aceitando que me chamem ingénua…), sectores dos quais são usufrutuários milhões de portugueses, a lei da liberalização dos combustíveis aprovada no governo de Durão Barroso, foi um excelente benefício para o sector empresarial privado.
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