A língua galega na Galiza caiu para mínimos históricos segundo dados do Instituto Galego de Estatística (IGE) que apontam que 29,3% de residentes na Galiza falam sempre em castelhano quando esta cifra em 2008 era de 19,6%, em 2013 de 26,2% e em 2018 de 24,4%.
Preocupam os dados das crianças e jovens, já que 53,6% da população entre os 5 e os 14 anos afirmam falar sempre em castelhano.
Assim, a situação da língua galega na Galiza é extremamente preocupante depois da política seguida pelo Partido Popular da Galiza – PP de G desde 2009.
É claro que temos que apontar o dedo à política linguística seguida pela Junta da Galiza durante as últimas décadas, em sentido oposto ao que fazem os governos basco e catalão, que privilegiam as suas línguas.
O Decreto do plurilinguismo imposto em 2010 pela Junta tem feito estragos, como se vê, ao proibir, no ensino público, o lecionamento de Matemáticas em galego no ensino primário, mas também Física e Química, Tecnologia e Matemáticas no ensino secundário.
A Mesa pela Normalização Linguística, uma organização galega que luta pela língua galega, qualificou esta situação como um “desastre” e aponta que “estamos em emergência linguística extrema”.
A Real Academia Galega (RAG) através do seu vice-secretário, Henrique Monteagudo, alertou para a “desgaleguização” que vive a Galiza pedindo que os responsáveis “reflexionem”, já que pela primeira vez na história os falantes habituais de galego tem uma percentagem menor que os falantes habituais de castelhano, um 46,23% face um 53,77%.
Para Valentim Garcia, secretário-geral da Política Linguística da Junta da Galiza, não existe “uma hegemonia do castelhano” e responsabiliza os imigrantes pelo retrocesso do galego na Galiza.
Valentim Garcia afirma que “afortunadamente vieram para viver na Galiza e decidiram fixar-se”, mas “desde um ponto de vista linguístico são na sua maioria, quase na sua totalidade, pessoas que se instalam no castelhano e que o colocam como única língua, o que lhes chamamos monolíngues em castelhano”.
Como vemos, a preocupação do governo do Partido Popular da Galiza é varrer o problema para debaixo do tapete e prefere apontar o dedo à imigração. Não tem em conta as políticas aplicadas durante estes anos, como o “decreto da vergonha” e o não cumprimento da Lei Paz Andrade que é um decreto aprovado por unanimidade pelo Parlamento galego em 2014 e que prevê o aproveitamento da língua portuguesa tal como o fortalecimento dos vínculos com a lusofonia.
Esta lei teve uma fraca aplicação, já que também previa a inclusão da língua portuguesa nos centros escolares galegos, a promoção de conteúdos em português nos meios de comunicação da Galiza, entre outras medidas. Disto, pouco vemos (vemos, nos últimos tempos, a realização de projetos cinematográficos entre a Galiza e Portugal, mas pouco mais).
A situação do galego na Galiza é preocupante, como mostram os dados e é necessário reverter esta situação com rapidez para que a língua galega, daqui a uns anos, não seja uma língua marginal. O galego perde falantes face a uma espanholização do território acelerada, mas pode encontrar no português uma saída para esta situação crítica.
Também, sem dúvida, para tentar travar este processo de desgaleguização é necessário criar um modelo estável e seguro para o galego. Por exemplo, criar referências para a população jovem como foi o Xabarín Club (eu próprio cresci com este programa), já que nós, jovens, éramos conscientes da língua que ouvíamos no programa de desenhos animados, o galego, e acabamos por reproduzi-la.
Basta vontade para reverter esta situação.