A polémica dos finalistas
Estudantes finalistas do ensino secundário de todo o país, cumprindo uma tradição, dirigiram-se, durante as duas semanas das férias da Páscoa, a diversos pontos de Espanha. Durante esta estadia no Sul de Espanha, cerca de mil estudantes foram expulsos de um hotel alegadamente por terem cometido estragos no imóvel onde estavam hospedados e por […]
Estudantes finalistas do ensino secundário de todo o país, cumprindo uma tradição, dirigiram-se, durante as duas semanas das férias da Páscoa, a diversos pontos de Espanha.
Durante esta estadia no Sul de Espanha, cerca de mil estudantes foram expulsos de um hotel alegadamente por terem cometido estragos no imóvel onde estavam hospedados e por desacatos frequentes. Após o incidente, cedo assistimos a um pingue pongue de atribuição de responsabilidades difícil de ajuizar e com versões muito contraditórias.
O que mais me incomodou e foi confrangedor foi ver a agência de viagens, a Associação de Pais e mesmo muitos encarregados de educação a suavizar os episódios ocorridos, senão mesmo a branqueá-los. As palavras não podiam ter sido mais simpáticas, ao considerarem que os acontecimentos que ocorreram são normais em viagens de finalistas. São normais os atos de vandalismo na unidade hoteleira, são normais as desordens e rixas motivadas pelo consumo abusivo do álcool, é normal o desrespeito pelas figuras que representam a autoridade civil e policial.
Na verdade, é inquietante que as pessoas só considerem preocupantes e gravosas as situações quando elas envolvem acidentes fatais, com perda de vidas. Neste caso, porém, eventualmente porque dá jeito, facilmente se esqueceram de que foi em viagens desta natureza, com os excessos agora invocados, que vários jovens em anos anteriores já morreram. É lamentável que instituições e famílias, que têm responsabilidades na formação e educação dos jovens, tenham manifestado tanta condescendência, permissividade e laxismo face aos acontecimentos.
Os jovens precisam, para criarem a sua identidade pessoal e social, não de quem os infantilize ou desculpabilize, mas de quem lhes possibilite assumir a responsabilidade dos atos e a consciência dos limites e dos perigos.