A paz duradoura “made in USA”

Depois dos negócios feitos em troca da “ajuda”, dos milhões em vendas de armas (por mero exemplo, o negócio dos drones no Níger suplantou os 100 milhões, que apenas representam uma gota de água…), o negócio do armamento prospera, os militares estão ocupados, o dinheiro gira e a economia global exulta...

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  • 11:43 | Segunda-feira, 16 de Agosto de 2021
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Os EUA têm a tradição de “ajudar” países um pouco por todo o mundo. Claro está que os ajudados têm que ser ricos em alguma coisa ou, como na república das bananas, na América do Sul, os yankees têm que defender os interesses dos investidores seus concidadãos. Em nome dessas “ajudas”, um pouco por todo o mundo cometeram-se anchas atrocidades. A economia norte americana prosperou, os comunistas não avançaram e a democracia das M16 a 800 tiros/minuto consolidou-se.

Rapidamente, a Nicarágua, ocupada 21 anos deu Somoza, a República Dominicana, ocupada durante 9 anos deu Trujillo, o Chile deu Pinochet, a Guatemala, a Bolívia… etc., etc.

Os EUA são um pouco como o beijo da viúva negra ou “widow’s kiss”, proporcionam um brevíssimo intervalo entre o prazer e a morte.


A “ajuda” dos EUA ao Afeganistão chegou após o 11 de Setembro de 2001 com 13.329 soldados para lutar contra a Al-Qaeda e os talibãs. Segundo um relatório então publicado, “As forças americanas permanecem no Afeganistão com a finalidade de deter o ressurgimento de lugares seguros que permitam que os terroristas ameacem os Estados Unidos ou seus interesses. O país apoia o governo e as forças armadas afegãs enquanto enfrenta os talibãs para criar condições para apoiar um processo político que permita alcançar uma paz duradoura.”

O Iraque também teve ajuda e a justificação mantém-se: conter o avanço do Estado Islâmico.

Também na Síria, para segundo eles “libertar 4.5 milhões de pessoas da opressão do EI.”

Também no Iémen onde no relatório enviado ao Congresso norte-americano, o governo Trump reconhece que oferece “apoio ilimitado” à coligação liderada pela Arábia Saudita contra as milícias huties e forças leais ao falecido ex-presidente Ali Abdullah Saleh”.

Também na Somália, na Líbia, no Níger… etc.

Na Europa e em seu tempo, também ajudaram Portugal de Salazar e Caetano. A Espanha de Franco. A Itália de Mussolini. Mas isso já é outra longa história.

Depois dos negócios feitos em troca da “ajuda”, dos milhões em vendas de armas (por mero exemplo, o negócio dos drones no Níger suplantou os 100 milhões, que apenas representam uma gota de água…), o comércio do armamento prospera, os militares estão ocupados, o dinheiro gira e a economia global exulta…

Em 2005, o porta voz militar do Pentágono, Gordon Johnson, revelou que as guerras do Afeganistão e do Iraque tinham sido muito úteis para os progressos dos robots, que equipados com visão nocturna e poderosas armas automáticas se tornaram desumanisadamente letais. Segundo o dito porta voz “Os robots não têm fome nem sentem medo. Nunca se esquecem das ordens e não se importam nada se o tipo que luta ao seu lado cai morto por uma bala.” Perfeito.

Entretanto, depois de todas estas fantásticas investigações tecnológicas em prol da paz no mundo, contrato expirado, pagamento recebido, ala que se faz tarde.

 

 

Os talibãs tomaram agora Cabul que tem uma população de 3.700.000. Um nono da população global do país. Um acto simbólico e retaliador do Novembro de 2001, quando foram de Cabul expulsos pelas tropas lideradas pelos EUA. Na altura, neste país estrategicamente pobre, era preciso ajudar o governo a gerir os 4,5 biliões de dólares atribuídos a um fundo administrado pelo Banco Mundial, consensualizado na Conferência de Doadores de Tóquio. Bush entendeu a parte pedagógica da “coisa”.

Entretanto, em nome da religião, um excelente pretexto salvador tornado na mais letal epidemia planetária de há mais de dois milénios ao presente, vão-se cometendo atrocidades sem fim. É a Guerra Santa, já pelos Cruzados de outrora muito pia e sentidamente praticada.

(Fotos DR)

 

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Publicado em Opinião