O ano de 2017, entre outros, foi também marcado por imensos escândalos de assédio sexual, nomeadamente entre as estrelas de Hollywood.
Dos vários protagonistas sobressaiu Harvey Weinstein, norte-americano, produtor de cinema internacionalmente conhecido com a consagração do seu filme” A Paixão de Shakespeare “.
Até ao presente, há conhecimento de pelo menos oito vítimas oficiais, às quais prometia progressão/ascensão na carreira, enquanto actrizes, em troca de favores de carácter sexual.
Ontem, em Los Angeles, aquela que é uma das maiores e mais célebres cerimónias do ano, depois da denúncia dos referidos escândalos de abusos sexuais na indústria cinéfila, pautou-se por uma campanha de solidariedade, “Time’s Up” para com todas as vítima mulheres, de abusos/assédio sexual e violações por todo o mundo, apoiada por 300 actrizes, vestidas de negro, no tradicional desfile sobre a passadeira vermelha da fama.
O discurso da noite de estrelas de Hollywood foi marcado pela apresentadora de televisão, Oprah Winfrey, com muito mérito e aplausos, num discurso onde afirmou “que o tempo dos homens poderosos e brutais, chegou ao fim”, e “Dizer a verdade é a ferramenta mais poderosa que temos…”
Tal cenário faz-me recuar no tempo, e lembrar-me do escândalo do famoso filme francês, “O Último Tango em Paris”, do realizador Bernardo Bertolucci, e da violação/estupro escondido e combinado entre o realizador e o actor Marlon Brando, para dar mais realismo ao filme. Maria Schneider denunciou o sucedido em 2013, numa entrevista televisiva, 44 anos depois.
Este problema não afeta apenas a indústria televisiva, mas sim as mulheres em todo mundo, no trabalho, na política, mas principalmente em todos os cargos onde são bem-sucedidas.
Este crime pode e deve ser denunciado e jamais ser tolerado. As mulheres durante largos anos não puderam ser ouvidas e ainda hoje são desacreditadas, porém, esse tempo está a chegar ao fim.
Que a partir de ontem se celebre um novo dia e novos tempos para a proteção da mulher. Que a igualdade de oportunidades, de liberdade de escolhas, de deveres e direitos, seja transversal a todas nós.
Não queremos flores nem bombons, queremos viver com igualdade e respeito.
(Fotos DR)