A novena à Senhora da Lapa

Lá vamos todos, filhos, filhas, noras, genros e netos que a promessa era grande e todos tinham que ajudar a pagar. Ficamos alojados numa casita de apenas duas divisões, numa mais ampla onde todos dormíamos na palha coberta com cobertores e mantas e noutra mais pequena e com uma pilheira onde se preparavam as refeições.

Tópico(s) Artigo

  • 10:00 | Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2025
  • Ler em 2 minutos

A primeira novena que fiz à Senhora da Lapa teria cinco anos e deveu-se a uma promessa que a minha avó Maria fez por o seu filho Diamantino não ter sucumbido pelas terras de Angola.

Dizia-se naquele tempo que a guerra era mais guerra por estas bandas e pela Guiné, por isso não era de estranhar que uma mãe se agarrasse a todos os Santos e Santas da sua devoção.

Atrevo-me a afirmar que a minha avó levou uma boa parte da sua vida a pagar as promessas, tantas elas eram.


Mas voltemos à Senhora da Lapa e àquela novena que recordo como se tivessem sido as primeiras férias da minha vida.

 

Lá vamos todos, filhos, filhas, noras, genros e netos que a promessa era grande e todos tinham que ajudar a pagar. Ficamos alojados numa casita de apenas duas divisões, numa mais ampla onde todos dormíamos na palha coberta com cobertores e mantas e noutra mais pequena e com uma pilheira onde se preparavam as refeições.

Durante aqueles nove dias não se fazia mais nada senão dormir, rezar e comer!

Que bom era aquele caldo feito no pote e as batatas com enguias de barril! Que bom era dormir no meio dos adultos que nos afastavam os fantasmas que povoavam os nossos sonhos de criança! Que bom era fazer a novena à volta da capela entoando cânticos em honra de Nossa Senhora! Que bom foi o meu padrinho ter regressado são e salvo de uma guerra que nunca entendi…

 

Ondina Freixo

Gosto do artigo
Palavras-chave
Publicado por
Publicado em Opinião