Trump é bulhento, irascível, quezilento, companhia não recomendável, gente nada confiável.
Sentado na sala oval, torna-se um presidente imprevisível, um ser perigoso. Dono de todos os poderes políticos, que conquistou democraticamente, insinua, ameaça, promete, conflitua por tudo e por nada. Herdeiro da linha mais imperialista americana, não tem pejo em apregoar as maiores alarvidades, nem comedimento nas palavras que brotam de um cérebro, que não esconde o desequilíbrio.
O certo é que, à boleia destes apetites imperialistas, os EUA já antes, e poucos se lembrarão, tomaram posse do Alasca, Arizona e Novo México.
Altaneiro e impante, desdenha do Direito Internacional, que não permite a aquisição de espaços soberanos. Infeliz, publicitou o interesse na compra da Gronelândia, a maior ilha do mundo, que foi colónia dinamarquesa, ocupada pelos EUA, durante a 2.ª Guerra Mundial, quando aquele país nórdico estava sob o domínio da Alemanha nazi.
O interesse fundamenta-se na importância geoestratégica que o território tem no Ártico, e onde os americanos têm instalada uma base militar. É de fazer rir o mais sisudo, o nome com que Trump baptizou a sua pretensão: “acordo essencialmente imobiliário”.
Autista, pressiona, ameaçando com uma intervenção militar, alheio às consequências do seu desvario. E porque uma imbecilidade nunca vem só, tratou de arranjar companhias para a asneira, um entretém para o recreio da escola.
Chantageando com a força económica do país, sonha em tornar o Canadá, um dos seus principais parceiros comerciais, o 51.⁰ estado norte-americano.
E nem o Canal do Panamá, sob administração deste país, a hidrovia que liga os oceanos Atlântico e Pacífico, e por onde circula 6% do comércio global, é poupada à heresia política.
Preocupa-me que ainda haja quem pense que os Estados e os povos possam ser comprados, como se de uma mercadoria se tratasse, objecto de uma qualquer transacção, pisando a História, ignorando culturas e identidades, calcando as soberanias. Mas indigna-me, revolta-me, que a política seja cada mais um circo, um espaço que acolhe ilusionistas, trapezistas. E palhaços. Não há espaço público mais atreito a pantominices e mais aberto a desastres humanos.
Para mal do povo que, sofrendo, tudo paga.