A Importância de ser Ernesto
Anda a direita Portuguesa em polvorosa com a possibilidade de os partidos ditos de esquerda que conseguiram representação na Assembleia da Republica se poderem entender. Segundo o que entendo para eles as eleições do passado dia 4 de Outubro foram para eleger o primeiro-ministro e não para eleger os deputados dos diferentes círculos eleitorais […]
Anda a direita Portuguesa em polvorosa com a possibilidade de os partidos ditos de esquerda que conseguiram representação na Assembleia da Republica se poderem entender.
Segundo o que entendo para eles as eleições do passado dia 4 de Outubro foram para eleger o primeiro-ministro e não para eleger os deputados dos diferentes círculos eleitorais do país, como define o artigo n.º 149 da Constituição da República Portuguesa. Bem sei que Passos e sus muchachos, em inestimável colaboração com o seu compagnon de route Paulo Teixeira Pinto, (que depois de se ter reformado do BCP com 40 mil euros/mês, gasta o tempo na difusão do liberalismo desenfreado que tanto lhe deu e dá) bem a tentaram mudar, mas não tinha reparado que uma das alterações passava pela realização de eleições para chefe de governo.
Eu sei que é chato mas a CRP o que diz é que “O Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais”, coisa que Aníbal para já não está a respeitar na plenitude pois ainda não ouviu (que se saiba) todos os partidos com o tal acento no Parlamento. Só para as eleições autárquicas a Lei Fundamental define que o “presidente é o primeiro candidato da lista mais votada para o executivo”. Talvez em vez de um Aníbal devêssemos ter um Ernesto em Belém.
A PàF jogou tudo numa coligação pré-eleitoral que lhe valeu em urnas menos de 39% dos votos e, para já 104 deputados. Ou a PàF carde um acordo com um partido da “esquerda” para um queijinho de 116 deputados ou estamos todos metidos numa chatice. Apenas a vacuidade de Cavaco teima em julgar que não.
Aparentemente (e este aparente é muito carregado) é à esquerda que há condições para governar o país de forma estável. Aparentemente (este ligeiramente menos carregado) é o que Costa está a indagar. Faz bem se não for apenas bluff para ganhar poder negocial com a direita. Vamos esperar.
Após estas eleições reforcei a ideia que seria importante, para uma maior representatividade popular, que fosse constituído um círculo eleitoral nacional, valendo uma percentagem significativa dos lugares em São Bento e evitando/diminuindo a inutilidade de muitos milhares de votos nos vinte e quatro círculos eleitorais. Já que a Constituição nos afiança que os deputados representam o país e não os círculos por que são eleitos e tendo em conta a disciplina partidária que normalmente impera, é apenas lógico que isso possa assim ser.
Texto originalmente publicado em