O ano de 2020 está a pôr-nos à prova, como certamente não esperávamos. Desde o emprego, à escola, à saúde, passando pela diversão ou pela falta dela até à forma como nos relacionamos uns com os outros houve muitas mudanças num curto período de tempo.
Alguém acreditaria, no início do ano, que o turismo, a nossa galinha dos ovos de ouro, que estava a despejar e a desalojar os idosos que moravam no centro das cidades, ia empancar e atirar para lay-off uns milhares de trabalhadores ou em casos mais extremos para o desemprego? Nem no pior dos cenários tal situação se vislumbraria no curto e médio prazo.
Não tenhamos ilusões que a vacina, apesar de todo o investimento e trabalho de pesquisa e investigação científica realizados, ainda vai demorar e todos nós teremos de aprender a viver com as normas ditadas pelo “novo normal “.
As crianças também foram postas à prova durante este longo período de confinamento. Tiveram de se adaptar a uma nova forma de aprender, ficaram, de um momento para o outro, sem praticar desporto coletivamente, porque os treinos foram interrompidos e até uma simples ida ao Parque Infantil para brincar e conviver com outras crianças foi interditada.
De repente, por força do maldito vírus, muito daquilo que era censurável no comportamento das crianças passou a fazer parte das suas novas rotinas e refiro-me em concreto ao sedentarismo, que leva amiúde à obesidade, e à excessiva dependência das novas tecnologias, através das quais hoje muitas crianças e jovens desenvolvem o seu processo de socialização, com todos os perigos que tal, por vezes, acarreta.
O confinamento não foi, fruto das desigualdades sociais, igual para todos, isto aplica-se também às crianças e para tal basta lembrarmo-nos dos problemas enfrentados por muitas crianças e jovens para acompanharem as aulas online.
Este foi o principal motivo da recuperação da telescola, um projeto que se encontrava extinto desde o final dos anos noventa, altura em que foram encerradas as últimas.
Por outro lado, se tudo isto foi ou está a ser difícil para as crianças sem problemas de desenvolvimento, então como terá sido o confinamento das crianças com deficiência? Como terá sido a quarenta forçada de uma criança hiperativa, que precisa de brincar e correr ao ar livre para libertar muita da sua energia?
Tudo isto vem a propósito das crianças e da importância do seu desenvolvimento físico e emocional que se pretende equilibrado. Para muitas crianças ir ao Parque Infantil Municipal é o momento mais importante dos seus dias. Este espaço singelo é frequentemente o seu principal destino durante o tempo de férias.
Por tudo isto, tenho de questionar se não há nenhum autarca ou governante que questione a DGS sobre quais são as condições necessárias de segurança para se voltarem a reabrir os Parques Infantis?
Ninguém está disponível para fazer este combate em prol dos superiores interesses das crianças como tantas e tantas vezes gostam de repetir?
A senhora vereadora da Câmara de Viseu, com o pelouro do desporto diz que vai ficar à espera de orientações, pois que se deixe ficar sentadinha e com as pernas ligeiramente levantadas para não ganhar varizes. Depois dos tablets prometidos para auxiliar crianças desfavorecidas no ensino à distância, bem podia a autarquia fazer esse esforço!