A conferência episcopal de ontem, acerca da pedofilia, foi parca em resultados.
A Igreja sofre hoje as consequências dos actos de alguns dos seus representantes com a devastadora força de uma violenta enxurrada. Hoje, estão inventariados aproximadamente 5.000 casos de abusos sexuais a crianças. É um número aterrador.
A Igreja, conservadora, fechada, endogeneizada e altiva veio a terreiro, porque era inevitável e o mínimo, reconhecer pecados, erros e culpas e confessar-se brandamente em público, longe do temível e umbroso confessionário.
Ficarmos a saber que alguns dos predadores, pedófilos contumazes, continuam indiferentes e hipócritas debaixo do pálio, à sombra da cruz e da sacristia, a dar a hóstia da comunhão aos fiéis, aumenta-nos a desconfiança e a presciência de que o incómodo da Igreja o é somente por todas estas perversas barbaridades se terem tornado públicas, escapulidas por uma nesga, do recato dos seus esconsos e sombrios recantos.