A Igreja, culpa e confissão?

Ficarmos a saber que alguns dos predadores, pedófilos contumazes, continuam indiferentes e hipócritas debaixo do pálio, à sombra da cruz e da sacristia, a dar a hóstia da comunhão aos fiéis, aumenta-nos a desconfiança e a presciência de que o incómodo da Igreja o é somente por todas estas perversas barbaridades se terem tornado públicas, escapulidas por uma nesga, do recato dos seus esconsos e sombrios recantos.

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  • 13:18 | Sábado, 04 de Março de 2023
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A conferência episcopal de ontem, acerca da pedofilia, foi parca em resultados.

A Igreja sofre hoje as consequências dos actos de alguns dos seus representantes com a devastadora força de uma violenta enxurrada. Hoje, estão inventariados aproximadamente 5.000 casos de abusos sexuais a crianças. É um número aterrador.

A Igreja, conservadora, fechada, endogeneizada e altiva veio a terreiro, porque era inevitável e o mínimo, reconhecer pecados, erros e culpas e confessar-se brandamente em público, longe do temível e umbroso confessionário.


Ninguém esperava por um Auto de Fé inquisitorial, com os predadores, de sambenito envergado a caminhar para a fogueira. A justiça de praça pública é indigna de um país civilizado e democrático, mas, da boca dos bispos, decerto um pouco acabrunhados, consternados e envergonhados (somos crentes…), esperava-se um pouco mais do que o declarado apoio psicológico às vítimas…

A pedofilia na Igreja, pilar da moral e esteio dos mais rectos princípios, a Igreja que condena e absolve, assume também por isso mesmo, por esse magno estatuto, a desmesura do crime inesperado ou nunca esperado.

Ficarmos a saber que alguns dos predadores, pedófilos contumazes, continuam indiferentes e hipócritas debaixo do pálio, à sombra da cruz e da sacristia, a dar a hóstia da comunhão aos fiéis, aumenta-nos a desconfiança e a presciência de que o incómodo da Igreja o é somente por todas estas perversas barbaridades se terem tornado públicas, escapulidas por uma nesga, do recato dos seus esconsos e sombrios recantos.

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