A fiscalização

António Costa não pode deixar que a maioria se transforme num lodaçal, cheio de pequenas impurezas e imundícies, submersa em amiguismos e capturada por interesses pouco recomendáveis.

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  • 16:40 | Terça-feira, 08 de Fevereiro de 2022
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As maiorias absolutas monocolores são redutoras e castradoras. Espaços reprodutores de vácuos de ideias criativas e luminosas. Diminuem o papel central da AR, limitada a um perfil concordante, e esvaziam o debate político, fazendo deslizar para a rua a verdadeira contestação às medidas governamentais.

A coisa não será tão má assim, se forem retomados os debates quinzenais, que sempre servem para desgastar o executivo e mostrar os seus fracassos, se os órgãos de fiscalização, Tribunal Constitucional e Tribunal de Contas, forem repensados na sua composição, e funcionarem fora das lógicas dos partidos que nomearam cada um dos juízes, e se os organismos reguladores cumprirem a função para que foram criados, expurgados dos vírus partidários, presentes na epiderme da maioria dos seus distintos titulares.

A estabilidade política, abstractamente, um bem em si, conferida pelas maiorias absolutas, não pode ser uma borracha que apaga propostas alternativas, nem deve transformar o exercício governativo num passeio surdo, numa máquina trituradora das divergências.

António Costa não pode deixar que a maioria se transforme num lodaçal, cheio de pequenas impurezas e imundícies, submersa em amiguismos e capturada por interesses pouco recomendáveis.


Este é o tempo do império dos mecanismos e dos instrumentos de fiscalização, sem quaisquer contemplações

 

(Foto DR)

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Publicado em Opinião