A “engorda” dos combustíveis

E se metade do custo de um litro corresponde aos impostos que o Estado glutão sorve, porque não haviam os comerciantes do sector de lhe seguir o exemplo e, paulatinamente, na factura, acrescentarem mais uns cêntimos ao já gordo lucro?

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  • 12:02 | Segunda-feira, 01 de Março de 2021
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Há gente para quem qualquer momento é bom para aumentar os preços daquilo que vende. Porém, aumentar todas as segundas-feiras do mês o preço um produto, é coisa de bradar aos céus…

É o que acontece com os combustíveis, que não obstante estarem no “top prize” europeu – numa Europa onde, em geral, os salários duplicam os nossos – a gasolina e o gasóleo, de forma sonsa e sem alaridos, perante a indiferença geral do consumidor, sobe, sobe, sobe.

E se metade do custo de um litro corresponde aos impostos que o Estado glutão sorve, porque não haviam os comerciantes do sector de lhe seguir o exemplo e, paulatinamente, na factura, acrescentarem mais uns cêntimos ao já gordo lucro?


E depois há umas entidade reguladoras do sector, tipo ERSE e ENSE, etc., e uns senhores nédios e com ar sorridente e bem-disposto, que aparecem nas televisões a falar da inevitabilidade das subidas e que devemos dar-nos por muito contentes por o barril do petróleo não ter atingido “níveis históricos”…

Pois é.

Ainda eu andava na “escolinha” quando tudo começou com a liberalização dos combustíveis ocorrida em 2002, sendo ministro da Economia Carlos Tavares no XV Governo Constitucional presidido por Durão Barroso. Estas coisas têm sempre um rosto…

Avançando, um título de jornal de 2012 referia: “Gasóleo já subiu 120% desde a liberalização”, o qual era seguido deste estudo feito pelo jornalista do periódico “Dinheiro Vivo”:

“Um exemplo: um condutor que, em janeiro de 2004, fizesse a viagem de ida-e-volta Lisboa/Algarve (total de 600 km) no seu carro a gasóleo (com um consumo médio de 7 litros aos 100km) gastaria 29,40 euros para abastecer os 42 litros necessários; hoje |2012| teria de desembolsar quase 65 euros. Com o dinheiro gasto há oito anos não chegaria sequer ao Algarve (só percorreria 271 km). Se o carro fosse a gasolina, para pôr os mesmos 42 litros de combustível seriam necessários hoje 73 euros, contra apenas 39,90 euros há oito anos. Em 2004 andava 600km; hoje, com o mesmo dinheiro só chegaria a percorrer 328 km.”

Quanto ao resto, caro leitor, a alternativa é ter o carro mais tempo parado e, aqueles que não o podem fazer, tendo que circular e que pagar cada vez mais caro o quilómetro, terão que poupar noutras despesas, prejudicando e agravando a economia nacional. Outras despesas, de outros produtos essenciais que também aumentarão, pois a seguir à subida dos combustíveis, vem a subida de todos os outros preços.

Quanto ao Estado, o comilão da mais grossa fatia, como não tem moral para “mandar parar” a subida, faz de contas que não sabe, não vê, não ouve…

 

 

(Foto DR)

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