A coragem de um autarca

Por outro lado, alguém acredita que no fim do campeonato português de futebol não haverá ajuntamentos de adeptos para festejarem a vitória do seu clube?

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  • 15:27 | Terça-feira, 23 de Junho de 2020
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Já li e ouvi por aí que quem organizou a festa em Lagos devia ser multado e obrigado a pagar os testes ao Sars Covid-19 e eventuais tratamentos que venha a ter no SNS.

Concordo em pleno, atendendo a que estão proibidos os ajuntamentos.

Por outro lado, alguém acredita que no fim do campeonato português de futebol não haverá ajuntamentos de adeptos para festejarem a vitória do seu clube?


Alguém vai punir os ajuntamentos que inevitavelmente se irão formar na Festa do Avante?

Alguém acredita que não se irão formar ajuntamentos para ver os ciclistas da Volta a Portugal a passar ou que não haverá inúmeros populares a acotovelarem-se em magotes para apanharem os brindes oferecidos pelos patrocinadores?

Quantos estão de acordo com a ação do Presidente da Câmara de Viana do Castelo, que viu esfumar-se as festas da Senhora da Agonia e agora optou por não querer a caravana da Volta a Portugal, em Viana?

José Maria Costa, o autarca vianense, tomou uma medida extremamente impopular, que se traduz em mais um rombo na economia local e também em menos umas horas de publicidade na RTP1, o que para um autarca representa um palco nacional para promover e divulgar a sua terra e o trabalho que está a fazer em prol do seu desenvolvimento.

Dir-me-á o atento leitor que o autarca socialista está no último ano de mandato, no entanto, e desculpem-me o vernáculo, é preciso tê-los no sítio para tomar uma decisão destas, quando o comércio e a hotelaria estão tão carecidos de receitas. Para além disso, o autarca vianense está no último mandato, não pode recandidatar-se por força da lei autárquica, por isso, até podia relaxar e ter uma atitude menos impopular. No entanto, ao agir com esta proatividade, autarca vianense assume que a sua prioridade é salvaguardar e preservar a saúde pública no seu Concelho.

Lembrei-me de uma frase, que umas quantas vezes ouvi na minha juventude pela boca da minha mãe: “mais vale chorarem agora, do que mais tarde, depois do mal estar feito!”

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Publicado em Opinião