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Não me incomoda que o sujeito tenha perdido uma fortuna incalculável por ter ido para o governo. Não me diz nada que esteja imensamente arrependido de ter aceitado o convite. Não me afecta a defesa que faz da família, que passa por um momento difícil. Não me interessa que diga não ter recebido um cêntimo indevido do BES ou do GES. Não me ilude com a garantia de que jamais fugiria do país.
O que me chateia é que, à boleia de uma estratégia de defesa, se negue a revelar aos portugueses a razão de receber, enquanto ministro, e durante anos, 15.000 euros mensais, pagos pelo BES.
O que me confunde é que se julgue no direito de não explicar o dinheiro que o MP diz ter nas offshores.
O que me aborrece é que diga tudo isto com a maior desfaçatez, e como se fosse o dono da verdade.
O que me indigna é que tenha sido despachado para o Algarve, onde cumpre prisão domiciliária, em vivenda da amorosa sogrinha, com piscina aquecida e vistas para o mar.
O que me revolta é que ainda haja pinhos destes na decoração dos pinheirinhos de Natal.
O que me assusta é que tudo isto seja verdade e pareça bem a muita gente que já não conheço.
(Foto DR)
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