A caldeirada de enguias

Quando se trata do bolo dos fundos comunitários, telefonam-se e combinam a repartição, numa sala discreta do Belcanto, descascando um saboroso robalo.

  • 9:47 | Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020
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Quando lhes interessa, esquecem as diferenças e põem-se de acordo.

Quando se trata do bolo dos fundos comunitários, telefonam-se e combinam a repartição, numa sala discreta do Belcanto, descascando um saboroso robalo.

Quando lhes dá jeito, conversam, protegidos pelos reposteiros dos gabinetes.


Quando toca a reunir, querem lá eles saber dessas minudências das ideologias.

E no tocante às eleições para as CCDR, sentaram-se à mesa e, sem birras, repartiram os novos poderes regionais.

Fizeram-no de uma forma pacífica, que demonstra a solidez e também a acidez do bloco central, mas que ensombra a democracia.

Entenderam-se nas listas únicas e nas equipas. Escolheram a eleição indirecta por um colégio eleitoral muito restrito.

O conluio continuou com a escolha dos vice-presidentes: um, eleito pelos presidentes de câmara, o outro, nomeado pelo governo, manageiro dos futuros planos de acção.

Para rematar, qual cereja em cima do bolo, o governo da Nação reserva-se ainda o direito de demitir os presidentes. O governo… e não os tribunais.

A política é mesmo a arte da dissimulação.

Por mim, e para o bem de todos, em vez de se entreterem com estas fitas, melhor seria que Suas Excelências jogassem ao berlinde.

 

(Foto DR)

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Publicado em Opinião