Quando lhes interessa, esquecem as diferenças e põem-se de acordo.
Quando se trata do bolo dos fundos comunitários, telefonam-se e combinam a repartição, numa sala discreta do Belcanto, descascando um saboroso robalo.
Quando lhes dá jeito, conversam, protegidos pelos reposteiros dos gabinetes.
Quando toca a reunir, querem lá eles saber dessas minudências das ideologias.
E no tocante às eleições para as CCDR, sentaram-se à mesa e, sem birras, repartiram os novos poderes regionais.
Fizeram-no de uma forma pacífica, que demonstra a solidez e também a acidez do bloco central, mas que ensombra a democracia.
Entenderam-se nas listas únicas e nas equipas. Escolheram a eleição indirecta por um colégio eleitoral muito restrito.
Para rematar, qual cereja em cima do bolo, o governo da Nação reserva-se ainda o direito de demitir os presidentes. O governo… e não os tribunais.
A política é mesmo a arte da dissimulação.
Por mim, e para o bem de todos, em vez de se entreterem com estas fitas, melhor seria que Suas Excelências jogassem ao berlinde.
(Foto DR)