A propósito da visita do Presidente da República Portuguesa ao Brasil, veio-me à cabeça a música “Desafinado”, do saudoso João Gilberto, cujos versos começam assim:
“Se você disser que eu desafino, amor, saiba que isto em mim provoca imensa dor…”
Nada a ver, dirá o leitor. Pois outrotanto digo eu. Em matéria de diplomacia externa, Marcelo Rebelo de Sousa ainda terá lido os “cahiers” de Franco Nogueira, Marcelo Caetano e Rui Patrício, tornando-se um habilíssimo “foreign minister”e actuando sem desafinações.
E é essa flexibilidade de acção que lhe permite, ao almoço dar um rijo abraço a Lula da Silva e, à merenda, outro estreito abraço a Jair Bolsonaro, o ainda presidente do país irmão.
Foi assim uma espécie de Bossa Nova a dois tempos, mais uma vez a marcar o ponto de uma fanfarronice mais próxima do crime do que de uma desafinação pontual, num momento em que o Brasil se aproxima dos 600 mil óbitos vítimas da pandemia e com o número em crescente expansão, o que o coloca no 2º lugar mundial logo atrás dos EUA, onde durante quatro anos pontificou outro negacionista iluminado, Donald Trump.
(Foto DR)