Realizar funerais de pessoas queridas que morreram com COVID-19: não, temos de limitar as possibilidades de contágio;
– Fazer reuniões de família, ao domingo, para celebrar a vida: não, isso é perigoso e pode transmitir vírus a vários elementos da família;
– Comemorar a páscoa, um evento milenar de reunião de comunidades: não, por razões sanitárias este ano tem de ser diferente;
– Juntar-se com amigos para uma conversa, em casa, para celebrar a amizade: não, isso é algo que temos de adiar;
– Passear no Choupal, a dezenas de metros uns dos outros: não, isso são atos criminosos e irresponsáveis;
– Dar uma volta a pé, num local verde: não, estão a furar a disciplina e colocar todos em risco;
-Trabalhar?: Não, temos de suspender, reorganizar, fazer diferente;
– Etc., etc., etc.: NÃO. Temos de perceber que para tempos de exceção, há medidas de exceção que todos temos de cumprir.”
(…)
– Comemorar o 25 de Abril numa sala fechada, como fazem há dezenas de anos, sempre da mesma maneira, com discursos, em que uns quantos falam para si mesmos, sem perceberem que ninguém os ouve e que estão a matar o espírito do 25 Abril: SIM. Não tem problema nenhum, seria a democracia e a liberdade que estariam em causa.
Nem numa época de exceção, que apelaria à criatividade para envolver o povo na comemoração de um evento que é o mais importante das nossas vidas, apesar de estar moribundo, se pensa em reformular a cerimónia comemorativa na AR. Trocando-a por outra que envolvesse as pessoas, que estão disponíveis para isso e até prestariam atenção, e fizesse que os maçadores discursos do Presidente e dos parlamentares fossem substituídos, com a mesma solenidade, por discursos de outras pessoas: médicos, enfermeiros, professores, motoristas, canalizadores, etc., uma profissão a substituir cada discurso protocolar. Via remota, à mesma hora, com todo o país assistir.
Porque o que toda esta gente não sabe é que os capitães de abril somos todos nós. Somos nós que temos de manter vivo o espírito de abril. É nossa a revolução. Do POVO. É o povo que deve falar e deve exprimir o que sente. Todos os outros devem ouvir. Todos nós devemos ouvir.
Realizar isto é simples.
Reformatar a cerimónia. O PR fica em casa, o PAR fica em casa. Os convidados somos todos nós: todos, especialmente os anónimos. Quem deveria falar escolhe uma profissão qualquer e uma pessoa para a representar. Falará, com o país a ouvir, remotamente, em casa, via computador ou TV. Todos podem participar, deixando mensagens e opinião.
O 25 de Abril é importante, ou é só mais uma cerimónia para alguns mostrarem como são importantes?
Não quer antes fazer assim, senhor Presidente da República?