25 de Abril? Sempre!

Dos donos disto tudo durante 48 anos, muitos houve que continuaram, subrepticiamente primeiro e mais às claras depois, a manobrar e usar os seus habituais estratagemas para promover o elitismo e aprofundar o fosso entre ricos e pobres, seja na capacidade económica, no acesso à Justiça, à educação, etc..

  • 10:43 | Domingo, 25 de Abril de 2021
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Hoje comemoram-se os 47 anos do 25 de Abril de 1974 (com todos os defeitos que possa ter tido e dos desvios que possa ter originado ou ter sido incapaz de combater) e relembremos que só para o ano a Revolução dos Cravos atingirá (?) a mesma idade que durou o regime fascista.

Os que teimam em suavizar e/ou idolatrar o “antigo” regime saberão de cor que foram 48 aninhos de “uma longa noite”. Também por isso é natural que muitas das conquistas a que se propunham os revolucionários tenham ficado pelo caminho. Dos donos disto tudo durante 48 anos, muitos houve que continuaram, subrepticiamente primeiro e mais às claras depois, a manobrar e usar os seus habituais estratagemas para promover o elitismo e aprofundar o fosso entre ricos e pobres, seja na capacidade económica, no acesso à Justiça, à educação, etc..

Abril cumpriu-se na liberdade mas, por vezes, não deixa de ser claro que o nosso direito a dizer o que pensamos é olimpicamente ignorado (ou cinicamente punido) por quem o devia escutar atentamente. Quando assim é o que temos é uma liberdade fútil.


É costume dizer-se que a democracia não se esgota nos actos eleitorais e isso tem de ser uma verdade insofismável e, muitas vezes, demasiadas vezes, não o é. Devido à menor escala isso pode ser especialmente notório ao nível autárquico e basta ver a forma caciqueira como são geridas algumas autarquias para entender que o 25 de Abril pode, de facto, não passar de uma miragem, uma espécie de alegórica pinhole, para ver as coisas em tons mais “adequados”, quando na realidade tudo pode ser bastante diferente do que a ética apregoada.

É por isso importantíssimo, se não quisermos que os modelos de um regime que nos toldou meio século regressem em pleno, continuar a lutar e a valorizar valores que queremos implementados, não dando o flanco a vendedores da banha da cobra que mais não querem do que cercear liberdades e aprofundar as desigualdades que não fomos (todos que isto da política é uma virtude e um defeito que a todos cabe) capazes de implementar.

Viva o 25 de Abril.

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Publicado em Opinião