Sim, ainda é sobre as comemorações do dia 25 de abril. Li no Jornal Económico, que o presidente da Rússia, devido ao covid-19, obrigou à comemoração virtual dos 75 anos da libertação de campos de concentração de Sachersecnhousen, Raversbrüch e Berchem, apenas numa luta contra o esquecimento.
Em Portugal, em pleno tempo de pandemia, comemora-se o 25 de abril no parlamento com 130 pessoas mais um número indefinido de funcionários para a logística do evento.
Não nego, a gratidão e reconhecimentos àqueles que nos fizeram chegar a abril de 74, mas não deste modo. Durante estes últimos tempos vimos imagens de uma tristeza inigualável e profunda. O Papa Francisco a celebrar a missa na praça de São Pedro deserta, foi uma delas, num sinal de fé e esperança num futuro incerto.
Por momentos o mundo foi cancelado, o meu, o vosso e o de todos, os Jogos Olímpicos no Japão, os almoços de domingo, os funerais, as festas de aniversário, os concertos, o trabalho, até a liberdade restringida, através de medidas draconianas aplicadas pelo Estado.
Pelo que leio entrelinhas fora, esta decisão da comemoração do 25 de abril é uma indecisão mal resolvida pela teimosia de alguns.
Não é o momento político nem o momento histórico para se comemorar aquilo que implica uma aglomeração de pessoas. As comemorações do 25 de abril são há anos uma cerimónia “secante”, sem qualquer tipo de criatividade, falha de expressividade e perdida de emoção, onde alguns políticos se ouvem a si próprios com o pretexto de brilhar.
Mais adequado seria, neste concreto contexto que todos angustiadamente vivemos, ouvir um fundamentado discurso através das redes sociais ou da televisão do nosso Presidente da República, algo mais simples e minimalista, adequado aos tempos que vivemos.
Qualquer português, para além de estar fechado em casa a informar-se da evolução da actual pandemia, no dia 25 de abril tem um entretenimento extra: ver um desfile de políticos a posar para a fotografia como se heróis de outros tempos se tratassem.
O 25 de abril exige muito mais. Façam como eu e no próximo sábado desliguem a televisão, pela falta de respeito que estão a ter por tudo aquilo que temos feito.