Requerimento ao Ministério do Ambiente
Ontem, depois de receber a minha já quase inexistente reforma, que por imperativo nacional tem sido minguada, mas ainda dá para 1 almoço de bancário e uma sopa ao jantar, cometi a imprudência de ultrapassar a Quota de Consumo Diário de Oxigénio (QCDO) -obrigatoriamente fixada pela TROIKA- num breve passeio a convite do meu compadre Elias.
Sr. Ministro do Ambiente
Excelência
Rufino Fino Filho, reformado, contribuinte português devidamente cadastrado, vem, muito respeitosa e humildemente, expor o seguinte:
Ontem, depois de receber a minha já quase inexistente reforma, que por imperativo nacional tem sido minguada, mas ainda dá para 1 almoço de bancário e uma sopa ao jantar, cometi a imprudência de ultrapassar a Quota de Consumo Diário de Oxigénio (QCDO) -obrigatoriamente fixada pela TROIKA- num breve passeio a convite do meu compadre Elias. Na verdade, o puro gozo daquele passeio nocturno, deu asas às minhas pernas já cansadas de tanto uso e só parámos quando, exaustos, regressámos a casa. Sentado no sofá – que tinha vez marcada para substituição este Natal, mas que, devido ao heroico esforço nacional de todos nós, ficará para melhores dias- tomei consciência desta imprudência, que apenas tem explicação à luz da minha avançada idade. De facto, andara de mais, respirara de mais e, portanto, consumira oxigénio de mais, ultrapassando a quota que me fora fixada pelo Ministério do Ambiente, que Vossa Excelência tão diligentemente governa. No entanto, confesso, este pequeno abuso, deu-me uma imensa satisfação e revigorou o meu corpo já gasto, chegando mesmo a pensar, não ser eu merecedor de tanta alegria, dada a transgressão cometida.
Assim, vergado ao peso desta vergonha, venho requerer, que, em nome dos 45 anos de trabalho ininterrupto ao serviço desta gloriosa nação, me seja concedido o aumento da Quota de Consumo Diário de Oxigénio (QCDO), numa percentagem que me permita continuar, pelo menos 1 vez por semana, os passeios nocturnos na companhia do meu compadre.
Mais informo Vossa Excelência, que após a douta resposta dos Serviços Ambientais, requererei a sua Excelência o Sr. Ministro das Finanças, de acordo com a determinação legal, que este aumento de consumo do oxigénio propriedade do Estado Português, seja taxado no escalão mais baixo, sugerindo eu a taxa aplicada aos indigentes, pois, desta forma, apenas abdicaria do pão com manteiga ao pequeno almoço.
Em nome do patriótico sacrifício de todos os reformados e pensionistas, e atendendo ao supremo desígnio, que é o futuro desta Nação e o cumprimento das imposições da Banca e da TROIKA, pede deferimento
O Requerente
Rufino Fino Filho