Sim, o executivo camarário aprovou por unanimidade o concurso para a construção de uma ”arena” para 5.500 espectadores.
António Almeida Henriques, o autarca de má memória que “caiu” em Viseu, acolitado por um “paraquedista” das bandas do Norte, não conseguindo fazer obra durável e relevante para a qualidade de vida dos munícipes, centra de há seis anos a esta data a sua execução autárquica na constante festarolice.
Estribando-se em falaciosos pretextos que têm a cultura como rosto, dotando o pelouro com verbas milionárias, apostou tudo no divertimento e no regabofe como forma, diz ele, na costumeira megalomania discursiva de “incrementar a atratividade turística de Viseu no Centro-Norte de Portugal e nos respetivos eixos ibéricos”.
Segundo o “visionário”, numa labieta da treta que já não ilude, mas é retoricamente bem ficcionada, a “coisa” até vai ter “uma cortina de luz na fachada para um diálogo com a cidade”, e como tal não não bastasse, terá ainda “uma tribuna suspensa” (o lugar de Nero, talvez), “14 camarotes” (para os lambe-c..) e “680 premium seats” (decerto para os membros do “politburo” local). Como a comidinha e a pinga não podiam faltar, será incorporado um “restaurante e um lounge panorâmico para a cidade, com vocação para catering e eventos premium”.
Bom, esta proliferação de léxico made in USA fica bem e dá, nesta dialéctica do vazio, um ar de cosmopolitismo e internacionalização.
As estruturas culturais do burgo estão às moscas.
Os turistas, maioritariamente emigrantes, vêm em Agosto desde a década de 60.
A cidade enche-se de buracos de obras iniciadas e inacabadas.
Por toda a parte proliferam cartazes de propaganda dos milhões em obra a ser feitas. Quando? Num futuro indefinido… Sim, porque este não é o autarca da obra feita, é-o da obra a fazer, prometida num ilusionismo de palavrório sem nada de concreto à vista.
Os viseenses têm memória curta e já se esqueceram de todas as promessas feitas e incumpridas, que a press do regime toa e ecoa como executadas.
A oposição do PS, que vai trauteando de ouvido as modinhas que ouve, aprova a iniciativa por deslumbrada unanimidade, enfim rendida ao glamour das libações e às lantejoulas da noute. Um flop de incoerência e um péssimo serviço aos munícipes.
Quando tudo está por fazer, quando as freguesias foram votadas ao abandono – salvo raras excepções a confirmar a regra – quando o lixo se acumula, a indústria não aparece, o comércio tradicional vai fechando e o desemprego é real, principalmente na camada mais jovem, Almeida & Sobrado, quando não “espanholizam” a cidade, delapidam o erário em “arenas”, fazendo jus ao “pão e circo” da antiguidade romana e para um povo carente e sobrecarregado de impostos.
Paulo Neto