José Eduardo Martins, um inquestionável militante do PSD desde os 16 anos, que foi secretário do Estado do Ambiente com Durão Barroso e secretário de Estado do Desenvolvimento Regional com Santana Lopes, PSD de alma e coração, político lúcido e frontal, escrevia esta semana na revista “Visão” a sua opinião sobre a aliança entre o Chega de Ventura e o PSD de Rio.
Na crónica clarifica que no fim de semana de 21/22 havia sido feito um inquérito às “bases” do partido através das distritais, que deu como resultado a disponibilidade do PSD para acolher em si o Chega, afirmando que esta “parceria” ” é matéria de consenso e união no PSD.”
Mas o advogado, ex-deputado e ex-secretário de Estado social-democrata vai mais longe quando escreve: “O PSD quer convencer-se de que precisa do Chega para voltar a governar e, mesmo sabendo do que ele é feito, fecha os olhos por supor a necessidade que não da muleta de um partido praticamente insignificante a não ser pela repulsa que gera.”
Aqui está, preto no branco, a realidade que Rio, por mais que ironize, chalaceie e se esgace em sorrisos semi-patéticos trouxe para a social-democracia portuguesa: o concubinato com a extrema-direita para, vendendo a alma ao diabo tentar conseguir o que de outro modo não alcançaria… sem olhar a meios ascender ao apetecido poder, pelo qual mostra, finalmente, toda a gula e a sedenta avidez.
(Foto DR Jornal de Negócios)