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Paulo Neto
O mimetismo consiste na imitação de gestos ou atitudes que o imitador destaca de alguém e, por qualquer motivo pretende igualar, sejam eles de que ordem for.
É mais habitual nos jovens que, hoje, através dos ecrãs, da televisão e do cinema, acedem a imagens espectaculares, feitas com duplos de muita competência e na maior segurança possível. Logo, a sua imitação na vida real é proibitiva e absolutamente desencorajável.
Também nas playstations, desde a mais tenra idade, as crianças têm à sua disposição jogos de sobrevivência, de ataque, de muita violência, que consistem em abater o maior número de inimigos e atingir o mais alto score como jogador. O mesmo com perseguições de automóveis e motos, em ambiente urbano, onde os “pilotos” circulam a velocidades estonteantes entre os outros pacíficos utentes da estrada, em gincanas arrepiantes e ultrapassagens mirabolantes. Mais uma vez mera ficção.
Claro que tudo isto acontece num ecrã e naqueles onde há interacção, o pior que pode acontecer ao menos “avisado” é perder o controle da máquina, colidir com uma dezena de obstáculos e capotar uma dúzia de vezes. O jogo para e volta a começar tudo de novo, sem quaisquer consequências fatais.
Fatal é transportar para a vida real aquilo que se vê nos ecrãs …
Fatal para os três jovens que na madrugada de sexta-feira, na 2ª circular de Lisboa – lugar onde as limitações de velocidade são da ordem dos 50 kms/h – a 300 km/h, em busca de uma qualquer louca adrenalina, pagaram com as suas vidas a “proeza”. Felizmente não fizeram vítimas colaterais e inocentes.
O carro em que circulavam é preparado para atingir velocidades estratosféricas, com motores que debitam desde os 381 aos 585 cavalos de potência, dependendo do específico modelo.
Logo, para porem toda essa cavalaria no asfalto, têm chassis especiais, suspensões adequadas, travões eficazes. Nada têm a ver comos veículos comuns do dia a dia de todos nós. Os preços reflectem essa preparação especial, podendo ir dos 70 aos 230 mil euros, no caso concreto desta marca em epígrafe. Naturalmente que são seguríssimos. Mas rapidíssimos… atingindo o seu feérico “nec plus ultra” nos circuitos ou, numa autobahn alemã, sem limite de velocidade. Mais, estes veículos têm a sua velocidade limitada aos 250 km/h, podendo o adquirente requerer a opção de “full speed”.
Foi uma noite de completa loucura para esses 3 jovens, Nuno Martins, 22 anos, e Tino Sousa, 34 anos e pai de dois filhos que viviam no bairro da Quinta do Loureiro, em Alcântara. Júnior Costa, que também faleceu, vivia no Bairro 6 de Maio, na Amadora, e tinha um filho.
Tristíssimo desenlace para esta “urban race” que nunca deveria ter acontecido…
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