Um Natal de 250 mil euros? Que forretas…

    Não há jornal local, regional, nacional, que o leitor abra e não noticie esta “festa foliona” que impregna a nossa galharda e vetusta cidade. E vêm os do Porto gabar-se de ser laboriosos… o que é isso se comparado com esta festa constante da urbe de Viriato? Os viseenses ficaram de repente – […]

  • 15:09 | Sábado, 25 de Novembro de 2017
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Não há jornal local, regional, nacional, que o leitor abra e não noticie esta “festa foliona” que impregna a nossa galharda e vetusta cidade.
E vêm os do Porto gabar-se de ser laboriosos… o que é isso se comparado com esta festa constante da urbe de Viriato? Os viseenses ficaram de repente – gente séria, honesta, trabalhadora e até um pouco sisuda – rotulados de folgazões, muito dados ao folgar e ao folguedo. Enfim… uns pândegos.
Esse mérito o devemos aos nossos estimados Almeida & Sobrado, rapaziada que vê num povo alegre e histrião o claro reflexo da sua política autárquica. Autenticamente, umas viúvas alegres, de crepes negros adereçadas mas de costume escancarado.
Um povo que se compraz no folguedo, é um povo que não tem razão de queixa, que não vai carpir agruras, que não se lastima.
Ademais, quando vemos que e só agora, até 7 de Janeiro, cem festarolas estão previstas…
Aliás, e bem, pois como seria um Natal, festa da Natividade, nas palhas da humilde manjedoura, sem festas? Sem 250 mil euros em cem festas?
O Rossio parece a Disneylândia – coisa de que há muito desconfiávamos mas nunca assim tão publicamente assumida – com um castelo altaneiro nos seus 12 metros de altura… Que felicidade para as nossas crianças, pois de pequeninas é que elas se iludem. Qual realidade, qual carapuça se somos todos Cinderelas?
As igrejas vão ser ligadas – mas elas andavam desligadas? – pela módica quantia de 75 mil euros. Uma pechincha tendo em vista o fragor repeniqueiro de tal união…
Vai ser tão lindo, este Natal. Ninguém se vai lembrar das vicissitudes do quotidiano, do dinheiro curto que não adrega a chegar ao fim do mês, dos filhos desempregados, da filha emigrada, do comércio fechado, do IMI para pagar, da careza do bacalhau, da escassez do azeite, dos turistas que nunca mais chegam, da água que um dia falta, no outro diz que vem, por arte da varinha de condão do nosso Almeida, e etc. e tal.
Vive-se a era do adjectivo, arredios que andamos do substantivo…
Mas o povo gosta e é soberano, por isso, achamos curta a verba de 250 mil euros. Duplique-se, que é Natal e não sejamos sovinas como o Tio Patinhas, pois o tanque, pelos vistos, ainda regurgita de moedas doiradinhas!

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