Criou-se uma nova era nos EUA: a era do tribalismo onde existem os pro e os anti Trump.
Claro está que a dualidade entre o bem e o mal está aqui subjacente. Os bons são os trumpistas, os cow-boys da era moderna e os maus são os índios, aqueles que outrora foram despojados das suas terras e massacrados pelos bons. Ou melhor, os primeiros são “o bom povo” que acredita e vota nele e os segundos são as elites diabólicas, cientistas, jornalistas, juízes, diplomatas, artistas que o contestam e aqueles que votam nos democratas.
Stéphanie Le Bars assina um excelente artigo de opinião e de reflexão sobre esta matéria no Le Monde de 11/03. Uma grande jornalista e um grande jornal. Leia.
Trump, entre a negação do real e o total desprezo pelos dados científicos, vai no seu 3º ano de mandato e já contabilizava no dia 20 de Janeiro 16.241 mentiras, difundidas para os 75 milhões de tuiteiros a uma velocidade e intensidade record. Por exemplo, no dia 22/01, em 24 horas tuitou 140 msgs. É obra.
A 8 meses de eleições e perante cenários inesperados, as suas tropas espremem os neurónios para criar incidentes políticos que façam reerguer o Capitão América deste pleno fracasso pontual em que mergulhou com o Covidis19 e os milhares de cidadãos que vitimou.
Igual a si mesmo nas continuadas fanfarronices “made in Gotham city”, sempre negando o real, sempre em busca de bodes expiatórios (há pouco tempo era a China até lhe dizerem que havia uns milhões de eleitores de origem asiática, o que o levou de imediato a recuar), com uma brutal e polémica omnipresença mediática, arrasando e despedindo todas as vozes discordantes, num isolacionismo, uma visão no curto-termismo e no ganho imediato, Trump vai aniquilando tudo em seu redor usando dos magnos poderes conferidos ao presidente da república pela Constituição Norte Americana.
No dia 27 de fevereiro afirmou: “O Covid 19 vai desaparecer como um milagre”;
No dia 2 de março anunciava: “Teremos uma vacina brevemente”;
No dia 7 de março assegurava: “Todos os americanos podem fazer o teste”;
No dia 15 de março descansava o povo: “Face a este vírus muito contagioso, a situação está sob controle”;
E nesta narrativa de autocongratulação, recusa do erro e relançamemto da culpa sobre os outros, chegou aos números da pandemia em país algum igualados.
O conservador M. Olsen, escreveu: “os seus sucessores não tuiterão como Trump e certamente não mentirão tanto, mas conservarão uma atitude de negação e uma agressividade para com os médias, pois viram que esta estratégia era fulcral para o seu sucesso junto do seu eleitorado.”
Nunca Charlie Chaplin em “Tempos Modernos” (1936) teria imaginado tal rábula…