O governo tem-se esforçado muito por andar em maré de azar…
Ainda o caso de Miguel Alves não arrefeceu, logo surge o de Alexandra Reis, exonerada das funções que desempenhava na TAP e nomeada secretária de Estado do Tesouro, a 02/12/2022
Do seu CV oficial se fica a saber ter sido presidente do Conselho de Administração da Navegação Aérea de Portugal – NAV Portugal, E. P. E., de julho a dezembro de 2022 ( 6 curtos meses) e membro da comissão executiva e do CA da mesma companhia até fevereiro de 2022.
Sem ser posta em causa a competência da nomeada, Alexandra Reis terá apresentado a sua demissão quatro meses antes de assumir funções no governo, saindo da TAP, por sua expressa vontade, dois anos antes do fim do seu contrato, pelo qual usufruía um salário mensal de 18.142 € X 14 meses, mais as múltiplas mordomias inerentes.
Os lugares que ocupou na NAV (Navegação Aérea de Portugal) e na TAP dependem directamente dos ministérios das Finanças e do das Infraestruturas. Fernando Medina e Pedro Nuno Santos, respectivamente. Dois pesos-pesados deste governo. E passou agora a ser um dos quatro sE de Medina, conjuntamente com os do Orçamento, Assuntos Fiscais e Finanças.
Posta assim de parte a ilegalidade do acto, fica aos milhões de portugueses a sensação de que vale mais cair em graça do que ser engraçado e de que, a partir de certo patamar, os milhões caem do céu como chuva de Dezembro.
Bem pode Alexandra Reis vir a ser uma óptima sE do Tesouro. Aliás basta-lhe gerir tão assisadamente a pasta como gere a sua carreira, para decerto ter muitas qualidades, mas da imagem de um imenso sentido de oportunidade já não se consegue safar.
Também o primeiro-ministro, colateralmente, fica mal no retrato, pois mesmo se eventualmente escolhida por Medina foi por ele aprovada, criando com esta história da indemnização milionária uma sensação de mau estar em todos aqueles quantos veem o seu salário a encolher todos os meses, assim como encolhem as compras no supermercado, nas farmácias, falta o dinheiro para o aquecimento, a luz, os transportes, os combustíveis e etc., com reformas miseráveis e salários muito abaixo da média europeia.
Este XXIIIº Governo, de maioria absoluta, tem sido propício em polémicos casos e começa a deixar passar para fora uma ideia de descoordenação, de “amiguismo”, de descrédito e de rodilheira teia onde se envolvem mais membros do que o desejável e onde, até as “boutades” do primeiro-ministro, parecem dar o tom à festa. Festa de alguns perante a desgraça de tantos…
E se são “casinhos”, como os classifica despicientemente António Costa, certo é que pedra a pedra se constrói uma imensa muralha, a começar de separar governantes de governados.
(Foto DR)