É estranha esta afirmação de Rio no debate com Catarina Martins, do BE.
Mas afinal o que é ser católico? Em 2017, numa pergunta colocada a várias personalidades, a melhor resposta, na nossa opinião foi dada por Manuel Pureza, do BE:
“Ser católico é, mais que tudo, ser cristão, é não querer da vida menos que um ensaio permanente de imitação da vida de Jesus. Não é, pois, pertencer a um clube nem a uma agremiação identitária. É comungar com outros/as de um projeto de vida em que a fraternidade é o princípio fundador e em que, por ser assim, os pobres são o centro das escolhas”, e acrescentou “não há partidos católicos, nem políticas católicas, nem leis católicas, há vidas que se aproximam do que foi a vida de Jesus de Nazaré e da radicalidade dos seus gestos de amor pelos/as excluídos/as”.
Ora assim dito, de forma simplista, Rui Rio é cristão, mas não crê. Um conceito nega o outro, os sentidos são opostos. Até de contradição arriscaríamos falar. Mas provavelmente, tratou-se apenas de uma “boutade”. Matéria em que Rio é perito.
Sobre o significado de fé, aceitamos, entre outros, que é acreditar muito em alguma coisa, mesmo quando ela parece impossível. Em contexto bíblico, “a fé é a certeza das coisas que se esperam e a convicção de fatos que não se veem”. (Hb 11.1). Rio, no caso, não tem certezas nem convicções. O que é bizarro, para um político que quer ser primeiro-ministro.
Opostas tem também sido as ideias difundidas nos debates em que Rio participa e nos quais não está a ser particularmente feliz. Nomeadamente no debate com o líder do Chega e com a líder do BE. Com o primeiro, não teve tempo sequer de reagir à metralhadora do opositor que, demagogicamente, no tom populista de sempre, deitou os foguetes e apanhou as canas. No segundo, deparou-se com uma Catarina Martins serena, bem preparada, educada e muito assertiva. Enquanto isso, Rio falava da sua fé. Da fé que diz não ter. Em quem ou no quê? Nos resultados eleitorais de 30 de Janeiro? Fica a pergunta. A cada um a sua cruz…