Não há dúvida, finalmente a Cultura em Viseu tem um sapiente ser à sua cabeça. Jorge Sobrado, o braço direito que Almeida Henriques trouxe da sua efémera passagem pela secretaria de Estado, é um príncipe florentino, um renascentista, na mais ampla abrangência do termo e no domínio da gestão artística e cultural.
Embora algumas nuvens subsistam no que concerne à fonte de acumulação de toda esta imensa e plural bagagem, o certo é que o “delfim” de Almeida aterrou em Viseu como o Toyota – “Veio para ficar!”.
Este homem é uma banda sinfónica completa, tocador não dos 7 instrumentos, mas de uma mais vasta quantidade que vai dos bombos, aos trompetes, aos violinos, não esquecendo, para além dos metais, da percurssão, as cordas e os ferrinhos…
Pensa-se que oriundo da área do jornalismo, ao Sobrado não tem faltado verba para trazer a comunicação social local e nacional num frenesim. Ademais em tempos de vacas escanzeladas, nos quais, a luta pela sobrevivência se impõe determinante.
Enófilo cultural, tem urdido as maiores obras nesse dionisíaco domínio.
Aviador aficionado, tem feito do aeródromo Gonçalves Lobato, um aeroporto de renome internacional, onde todos os VIPS aterram.
Como gestor cultural, o seu lugar de executivo no Viseu Marca Multiusos Altice Arena, também é fundamental para o êxito da propagação de Viseu além fronteiras.
Porém, é como vereador da Cultura recém-empossado e decerto sem quaisquer baias orçamentais, que este Médicis viseense, detentor de um pote de ouro, muitas surpresas nos trará no âmbito do seu pelouro, que combina ainda com o do Turismo e que muitos frutos já deu com os milhares de milhares de turistas que em 2017, Ano Oficial de Visitar Viseu, aqui rumaram de armas e bagagens, aterrando em Lordosa, subindo o Pavia, pedalando pela Ecopista, desaguando na gare de caminhos de ferro mais próxima, acelerando pelo IP3, descendo a A24 e a A25.
Ufa! Tem sido feericamente voltigeante o movimento. Há dias que não se consegue andar a pé na Rua Formosa, Rua Direita, Rua do Comércio, Praça Dom Duarte, etc., levando os comerciantes a um paroxismo de estonteante gozo e a uma corrida aos bancos, que já não recebem tantos depósitos.
A “première” de Sobrado deu-se com o Festival literário Tinto no Branco, evento para o qual todas as fanfarras foram convocadas, os grandes nomes da literatura nacional e mundial desafiados, os génios da música e os corifeus do humor. São 30 convidados em mais de 50 horas de libações literárias, apregoa-se, e no dizer do “big boss” Almeida “Estaremos seguramente hoje ao nível do melhor que se faz do ponto de vista internacional”.
Cuide-se pois o Centro Pompidou, o Beyond Whtney Museum, o Thyseen-Bornemisza, Arles, Brazil Contemporary, o Metropolitan, o Berlin Festival, a Fundação Calouste Gulbenkyan, Salzburgo, Bayreuth, Breguenz, Baviera, Verona, Edinburgo, Mérida e etc. e tal.
O Tinto e Branco tudo superará com 30 convidados, 30 eventos e 40 produtores… Dionísio & Baco, Homero e Dante, Francisco Viegas e Frei Bento Rodrigues. Provavelmente ao som de Villa-Lobos…
O mecenas Jorge Sobrado exultou com tanto e tal estrelato: “30 grandes nomes da literatura, do pensamento e da cultura serão acompanhados por 30 grandes vinhos do Dão“. “Teremos em Viseu uma inédita e singular concentração de grandes nomes da literatura, grandes vinhos e alguns nomes emergentes da música. São estrelas neste firmamento que estarão no Solar do Vinho do Dão” e mais disse no seu erudito verbo “É uma oferta que preenche uma lacuna na área da literatura para a comunidade. É também um cocktail atractivo para turistas, sem desprimor para o turismo de autocarro, mas para o turismo cultural e qualificado“.
Ou seja, virão todos num voo da TAP, em Mercedes-Benz classe S, em BM’s série 7, ou em Audi A8… Os de comboio terão decerto um shuttle em Mangualde e outro em Nelas, os outros, bom, pé-rapado de autocarro não tem cultura…
O que não foi referido, nem sequer em reuniões do executivo camarário, até ao momento, foi o montante deste investimento cultural em prol do Tinto e do Branco, que e segundo o Compadre Zacarias nas suas insondáveis e impenetráveis fontes, orçará aproximadamente 250 mil euros.
Verba de todo desajustada, que só o delírio megalómano do Compadre ousaria insensatamente alvitrar…!