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Paulo Neto
Há as cidades “smarts”; há os tipos “smarts” e há mesmo os “espertalhões”.
Há muita semana que não lia as crónicas do estimado autarca viseense Almeida Henriques, na sua luminosa colaboração com o CM, sob o título “Terras do Demo”. Aliás, tenho dúvidas de que ele saiba o que são as Terras do Demos ou que, sequer, tenha passado as mãos pelas capas dessa obra notável de Aquilino Ribeiro, que este ano comemora o seu centenário. Na vida é assim, uns fazem, outros, com um sentido notabilíssimo de “oportunidade” (é um eufemismo)… aproveitam.
“Ser smart é dotar a nossa vida de melhores condições de felicidade”, escreve assertivo e com a costumeira vacuidade, o edil viseense. Provavelmente, felicidade é isso mesmo, ser “espertalhão” e aproveitar da vida aquilo que no regaço continua a tombar de um céu estrelado de propiciadas e reiteradas “sortes”, que caem em cima de alguns como dejecto de pardal sob as árvores camarárias.
As “ideias de inteligência urbana” que preconiza e pelas quais se diz empenhado serão decerto maravilhosas… mas podia começar por coisas mais simples como o lixo que, em certas zonas da cidade se acumula com muito despudor e com o à vontade de quem já faz parte da casa. Ou com um MUV recém-lançado no meio de muita polémica “concursal”, que não acerta com os horários. Ou com uma política coerente e concreta de beneficiação urbana e dos munícipes que fosse além da festarolice crónica onde “aterrou de barriga”. Ou com “conseguimentos” nas promessas eleitorais feitas que nunca saíram do papel (nem sairão!) e só serviram para engodar incautos e crédulos viseenses.
Esta cimeira de “autarcas comprometidos com as políticas de qualidade de vida” até pode ser uma grandiosa iniciativa… Todavia, “este” de Viseu habituou-nos a meter-se em tudo pelo mediatismo pessoal, em muito pouco agindo para cumprir os desígnios que aos sete ventos apregoa e que a nortada para a lixeira dos “inconseguimentos” transporta (já) com desdém…
Nem de propósito, o cartoon que encima a croniqueta tem um cão, decerto “feliz” a fazer as suas necessidades… sobre o quê?
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