Todo o ser humano luta pela sua saúde, elemento indissociável do seu bem-estar.
Ninguém escolhe o dia para adoecer ou para morrer.
O domingo deve ser mau dia para estas “bizarrias”. É como o sábado ser um dia péssimo para morrer. (Não há dinheiro para horas extraordinárias e as morgues estão fechadas…)
Se o doente for nonagenário, então a coisa fica dilatadamente complicada. Talvez com a idade se perca a prioridade. Não se perde tudo?
Talvez este governo ache os idosos uma “chatice” improdutiva e desagradável fonte de despesas. Talvez o ministro da tutela não goste dos velhos… embora ele já não ande longe.
Que fazer? Recorrer ao bárbaro e antigo costume de os abandonar num ermo, à mercê das inclemências do tempo, da fome e da fauna? Atirá-los de uma ravina abaixo?
Talvez não… bastará levá-los, um domingo, às 14H30 ao hospital para perceber que às 20H00 ainda penificam num corredor (há quem lhes chame Ala dos Mortos Pacientes) à espera de um diagnóstico.
É a vida.
Ou melhor, é a morte. Anunciada…
O único e parco consolo é saber que toda essa “tropilha”, amanhã, se nãos se finar antes, integrará também a fila dos idosos à espera, num corredor, pelo seu fim.
Que “houve um acidente”, murmurava-se… Mas há-os a toda a hora! E então, não vão para um hospital, os acidentados? Ou deverão ir para um salão de chá? Os serviços não têm que estar para isso preparados e capacitados? Saber dar resposta. Com competência, recursos, eficiência e diligência…?
O acidente é, porém, a falta de recursos humanos…o cunho do “novo SNS”.
“Volte amanhã às 08H30 com esta carta (fechada) para ser visto por um colega meu…”, disseram a uma senhora conhecida, a semana passada, às 23H50, depois de 4 horas de paciente espera.
Aceita-se tal desrespeito? Criar a cruel dúvida afinal porque se está a desempenhar um serviço para o qual não se detém a adequada competência?
Há quem defenda que o grau de civilização e de cultura de um povo, de um país, se afere pela forma, dignidade e respeito como trata os senescentes.
Regredimos à Idade Média?