Rui Rio debaixo de fogo cerrado

Depois vêm os militantes afectos ao Chega criticar a afirmação de Rio “Se Sá Carneiro não tivesse feito um partido, eu se calhar tinha ido para o PS”, lembrando-lhe depois Ventura que não haverá um governo de direita sem o apoio do Chega, exigindo a discussão de possíveis acordos entre os dois partidos.

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  • 9:53 | Segunda-feira, 24 de Maio de 2021
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Por Rui Rio ter afirmado, entre outros mimos, que Rui Moreira, seu sucessor autárquico, se vai ver obrigado a “sair pela porta de trás da Câmara Municipal do Porto”, Moreira não lhe poupa críticas pelas considerações tecidas no contexto do eventual envolvimento / favorecimento da imobiliária de sua família no caso Selminho, invocando a falta de ética de Rio, decide responder-lhe, avivando-lhe a memória, com palavras do próprio proferidas em Junho de 2019:

“Temos todos relativamente a qualquer português, quer esteja na política ou não, que respeitar o princípio da presunção de inocência. Respeitando este princípio, temos de aguardar não pelos julgamentos populares, mas pelos julgamentos nos tribunais. Infelizmente, esses julgamentos arrastam-se por anos e a pessoa vai sendo queimada em lume brando. Houve uma altura, quando era presidente da Câmara Municipal do Porto, que todos os vereadores com pelouro estavam constituídos arguidos, eu e todos os outros, cada pela sua coisa. Se fosse a dar valor a isso nem sequer me metia na política.”

Depois vêm os militantes afectos ao Chega criticar nas redes sociais a afirmação de Rio “Se Sá Carneiro não tivesse feito um partido, eu se calhar tinha ido para o PS”, lembrando-lhe depois Ventura que não haverá um governo de direita sem o apoio do Chega, exigindo a discussão de possíveis acordos entre os dois partidos.


 

 

Tal sucede na sequência das duas sondagens recentes, a da Intercampos que dá 37,9% ao PS, 21,7% ao PSD e 8,3% ao BE e Chega, e a da Eurosondagem, com respectivamente 39,4%, 27,4% e 8%.

Por sua vez, Catarina Martins, a líder reeleita do BE, no encerramento do Congresso deste fim de semana acusa o PSD e Rui Rio de “querer levar a extrema-direita para o governo” porque “a direita só tem um objetivo: criar uma fronda que lhe permita voltar ao poder”. E qualifica “esta direita tingida de extrema-direita” acabando por se referir a Suzana Garcia, a candidata do PSD à Amadora “Já há gente do PSD a gritar que quer exterminar o Bloco. A força da esquerda gera do outro lado adversários raivosos, o nosso povo já conhece bem este filme.” E vai mais longe ao denunciar o “lixo comunicacional” e a barulheira dos “animais ferozes da violência política”, com as suas fake news constantes, numa alusão a Ventura.

A tudo isto, Rui Rio, desvalorizando, remata com ironia:

“Não me bastava o Boavista poder descer e, em mais uma sondagem insuspeita, o Governo volta a mostrar grande pujança e forte apoio do eleitorado. Só nas duas últimas semanas baixamos 8%. Odemira e Novo Banco são um autêntico balão de oxigénio para o PS.”

Ironias à parte, Rui Rio está na mira dos partidos mais extremados, à esquerda e à direita do espectro político português. Um “arrenega-o”, outro alicia-o. Quanto ao PS, distancia-se e assiste de longe a esta guerrilha entre os três, deixando-os enfraquecer-se mutuamente enquanto vê a sondagem, como um balão cheio, a subir…

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Publicado em Editorial