Rio e a extrema-direita

Como vai Rui Rio descalçar a bota? Ou efectivamente e dando coerência à consulta feita às distritais do partido, parte para a aliança já encetada ou, respeitando a matriz ideológica da social-democracia e muitos dos seus mais sérios militantes, chuta o Chega para longe.

Tópico(s) Artigo

  • 15:49 | Quarta-feira, 09 de Dezembro de 2020
  • Ler em < 1

Em recente entrevista dada e em carta dirigida aos militantes, o líder do Chega foi taxativo: “o Chega não será muleta de nenhum Governo social-democrata e apenas aceitará viabilizar um executivo que promova reformas que até hoje nunca houve coragem para fazer: sistema político, sistema fiscal e sistema de justiça”.

Mas mais reiterou querer ainda “comandar” as pastas da Justiça, Administração Interna, Segurança Social e Agricultura.

Tais declarações são um xeque-mate para o PSD e Rui Rio, que se pôs a jeito a troco de uma vitória de Pirro nos Açores.


Agora, o líder do Chega, impado de seu putativo poder e pendor na balança eleitoral, requer as pastas-chave tão ao gosto dos governantes da extrema-direita europeia.

Como vai Rui Rio descalçar a bota? Ou efectivamente e dando coerência à consulta feita às distritais do partido, parte para a aliança já encetada ou, respeitando a matriz ideológica da social-democracia e muitos dos seus mais sérios militantes, chuta o Chega para longe.

De uma “façanha” já não se livra: a de ter aberto a caixa de Pandora, de onde já saíram alguns dos muitos males que continha. Resta agora saber se a quer fechar, se a consegue fechar ou se vai ser cúmplice de um partido que desrespeita as leis e normas basilares da Democracia portuguesa.

Na mitológica caixa de Pandora, à pressa fechada perante a evidência da malignidade liberdade, apenas ficou a esperança. Esperança de quê? Do juízo que o vento soprou da cabeça de Rio a ela volte, mesmo que seja por obra e graça de Zeus…

Gosto do artigo
Palavras-chave
Publicado por
Publicado em Editorial