Em recente entrevista dada e em carta dirigida aos militantes, o líder do Chega foi taxativo: “o Chega não será muleta de nenhum Governo social-democrata e apenas aceitará viabilizar um executivo que promova reformas que até hoje nunca houve coragem para fazer: sistema político, sistema fiscal e sistema de justiça”.
Mas mais reiterou querer ainda “comandar” as pastas da Justiça, Administração Interna, Segurança Social e Agricultura.
Tais declarações são um xeque-mate para o PSD e Rui Rio, que se pôs a jeito a troco de uma vitória de Pirro nos Açores.
Agora, o líder do Chega, impado de seu putativo poder e pendor na balança eleitoral, requer as pastas-chave tão ao gosto dos governantes da extrema-direita europeia.
Como vai Rui Rio descalçar a bota? Ou efectivamente e dando coerência à consulta feita às distritais do partido, parte para a aliança já encetada ou, respeitando a matriz ideológica da social-democracia e muitos dos seus mais sérios militantes, chuta o Chega para longe.
Na mitológica caixa de Pandora, à pressa fechada perante a evidência da malignidade liberdade, apenas ficou a esperança. Esperança de quê? Do juízo que o vento soprou da cabeça de Rio a ela volte, mesmo que seja por obra e graça de Zeus…