Raríssimas exceções…

  …aquelas onde o uso e o abuso da coisa pública não é tentadora prática. Hoje, cada vez mais e face às ocorrências, quando vemos excesso de “missionarismo” no exercício de cargos que e à partida deveriam ser desempenhados pro bono e norteados por princípios fulcrais de filantropia e de solidariedade, ficamos de pé atrás, […]

  • 15:57 | Segunda-feira, 11 de Dezembro de 2017
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…aquelas onde o uso e o abuso da coisa pública não é tentadora prática.
Hoje, cada vez mais e face às ocorrências, quando vemos excesso de “missionarismo” no exercício de cargos que e à partida deveriam ser desempenhados pro bono e norteados por princípios fulcrais de filantropia e de solidariedade, ficamos de pé atrás, pois pouco ou nada internamente é o que externamente transparece.
Desde as direcções de algumas cooperativas (muito sociais e com milhares de associados no papel que, e de facto, na realidade não passam de escassas duas ou três centenas) onde os associados são meros “verbos de encher”, às direcções de instituições empresariais, de bombeiros e de solidariedade social, centros de acolhimento e etc., pouco transpira das mordomias que muitos dos seus dirigentes perseguem afincadamente e acumulam despudorada e paulatinamente.
Desde os cartõezinhos de crédito que servem para muito mais do que deviam servir, às formas mais ou menos encapotadas de recebimento de benesses colaterais, tais como vultuosas prendas de fornecedores, prendinhas das operadoras móveis, fins de semana a ver o mar e outros até a viajar para o Brasil, como sucedeu no Planalto Beirão, umas roupinhas chics a condizer com o estatuto dirigente, uns lautos repastos muito alagostinados a tratar dos superiores interesses da instituição, umas viagenzinhas ao estrangeiros, em hotéis de compatível luxo, a pretexto de um evento que pode ser muito proveitoso para a casa, etc.
Evidentemente que a árvore não faz nenhuma floresta nem a maçã podre é o pomar. Porém, cada vez com mais frequência, as notícias – e ainda bem que elas desmascaram o que a Justiça não alcança investigar por falta de meios – nos dão conta do lar onde são maltratadas crianças, do senhor padre que gosta muito de Mercedes e outro, que até ia mais longe, apreciando Porsches, da senhorita que entende ser Chanel uma boa costureira para não ficar mal no retrato ao pé das celebridades, do boçal que usa os recursos da “casa” para dar um jeitinho no quintal… etc.
A Segurança Social e outras instituições públicas são umas mãos largas no financiamento sem cautelas, sem inspecção, sem a devida monitorização das verbas que esportulam e que são, em derradeira instância, dos contribuintes. Logo, sagradas…
A esposa de um ministro beneficia de uma deslocação ao estrangeiro por parte de uma instituição financiada pelo ministério que o marido tutela… normal. Mesmo sendo deputada? Mais normal ainda.
Um agora secretário de Estado recebia uma choruda avença para dar uns conselhos provavelmente técnicos. É natural.
Um deputado quase entra numa lista para uma direção, mas não faz ideia do que se passa lá dentro. Trivial.
Presidentes da República agraciam gente que, provavelmente, deveria estar sob investigação e até, eventualmente sob prisão… É a vida.
Todavia quando e cada vez mais ouvimos falar de verbas desaparecidas, de montantes desviados, de ondas de solidariedade pública com incertos destinos… é-nos lícito pensar – correndo o risco de sermos injustos para a muita gente séria, boa e norteada por princípios básicos de Humanidade – que há um novo negócio no ar, a render e a fazer do coração mole dos portugueses um próspero centro de rendimento, muitas vezes absolutamente deslocalizado dos seus altos e dignos objectivos primeiros.
Se ainda e só se tratasse de uma mera “passerelle” de vaidosas e fogueira de vaidades,  mas…
 
 
 
O que alguma imprensa refere, com a devida vénia…
 
 
(foto DR)

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Publicado em Editorial