A história da candidatura ao Centro de Referência para o Centro Hospitalar Tondela Viseu cada vez mais parece enrodilhar-se numa teia mal entretecida por quem detém responsabilidades sobre o assunto.
A rábula está mal contada e por mais voltas que lhe demos não vislumbramos ilibação daqueles que tinham obrigação de zelar pela eficaz e profícua administração deste centro hospitalar. Politicamente há também quem fique muito mal no retrato ao defender o indefensável e ao tentar cobrir com um difuso verniz cosmético todo o sarro da realidade.
O 1º ponto é a polémica data em que o Conselho de Administração se estriba para justificar a recusa da candidatura pela tutela, referindo Ermida Rebelo ser a 21 de Setembro, invocando o feriado municipal como argumento, quando e realmente a candidatura terminava a 11 de Setembro, conforme o Aviso nº 8402-O/2015 e 8402-P/2015, páginas 17 e 18, artº 9 que se cita: “O prazo de candidatura é de 30 dias, contados do dia seguinte à publicação do presente Aviso.” (31 de Julho). Ora, contando a partir de 3 de Agosto – primeiro dia útil – o prazo limite é 11 e não 21 de Setembro.
Ermida Rebelo refere que houve um despacho dilatório do tempo de entrega da candidatura. Emanado de quem? Onde pára esse despacho? Qual o seu teor?
Quando é que o administrador Ermida Rebelo foi notificado pela DGS da recusa da candidatura, por ter entrado fora do prazo?
Ermida Rebelo afirmou a um periódico local (15 de Abril) que tinha sido Paulo Macedo a recusar a candidatura. É verdade? E sendo, com que fundamentos legais?
Entretanto, é justo frisar que a notícia foi primicialmente divulgada pelo jornalista Amadeu Araújo, da TSF a 7 de Abril do corrente. Aqui fica…
A Liga de Amigos do CHTV apenas questiona Ermida Rebelo, telefonicamente, após a saída desta notícia, tendo este, ao que apurámos, “desvalorizado a situação”.
Repetimos: a notícia é de 7 de Abril. A Liga de Amigos do CHTV perante os factos emite o seu comunicado no qual alerta para as consequências e riscos que uma tomada de posição deste teor trará para Viseu e território envolvente.
Em boa verdade, o aviso de divulgação das candidaturas, quando é tornado público a 11 de Março, pelo Despacho 3653/2016, não contempla Viseu.
Neste correr, os Serviços de Cirurgia do CHTV, por mão dos seus directores, solicitaram informação escrita ao Conselho de Administração sobre o que se estava a passar, pois na listagem publicada em Diário da República não constava Viseu.
Só a 19 de Abril, após o comunicado da Liga de Amigos do CHTV, mais de um mês decorrido após esta solicitação, é que Ermida Rebelo reúne com os directores dos Serviços de Cirurgia.
A candidatura foi em Setembro. Foi anulada pelo anterior governo, pelo ministro Paulo Macedo. Ermida Rebelo e o Conselho de Administração têm dos factos cabal conhecimento, omitindo aos profissionais de Cirurgia durante aproximadamente 6 meses a verdade dos factos. Será possível?
Almeida Henriques, neste contexto e na Assembleia Municipal de 29 de Abril último, refere-se à Liga de Amigos do CHTV como a “liga de Amigos de Peniche”. Porquê esta chocarreirice pouco digna? Para tentar inculpar um segundo mensageiro, chutando para canto a mensagem?
Segundo a Wikipédia, esta expressão idiomática significa “um falso amigo, um parceiro desleal que não merece confiança e está apenas interessado em receber às custas de outros sem oferecer nada em troca. É o equivalente da expressão amigo da onça, do Brasil.”
A questão é esta: Almeida Henriques decerto saberá o significado do que afirma. O contrário seria gravíssimo. Assim sendo, porque considera ele, publicamente, a Liga de Amigos do CHTV de “falso amigo”? E a Liga não lhe exige explicações pelo ofensivo destrato?
Para concluir, ao que apurámos, a Liga de Amigos do CHTV já terá a estas horas reunido com deputados locais dos 3 partidos com assento na Assembleia da República, ou seja, com António Borges, Pedro Alves e Hélder Amaral visando o seu comprometimento e empenho na dilucidação dos factos e concernentes responsabilidades. Terá conseguido os seus objectivos?
Uma última nota: este Conselho de Administração tem uma forte componente de nomeação política. Quem indicou os seus nomes que seria suposto darem relevância à “excepcional e incontestável qualidade do CHTV”, no escrever qualificativo de Mota Faria, presidente da distrital do PSD?
Que ilações devem os viseenses tirar de todo este imbróglio? E das ambiguidades cavadas em seu redor? Até quando se mantém este CA em funções? Após tudo isto, terá a legitimidade e a credibilidade exigida para o cargo? Que responsabilidades lhes vão ser pedidas? Ou será tudo, afinal, varrido para debaixo da porta?
(Foto DR)