Donald Trump foi o campeão das “fake news”. Claro que não as inaugurou, mas fez da mentira uma poderosa arma bem difundida através de tuítes curtos e incisivos para atingir seus objectivos políticos. A mesma retórica da falácia usou nos seus discursos incendiários. Fê-lo ciente de que a grande maioria dos seus destinatários, no seu acriticismo, facilmente comia gato por lebre.
E já na altura, Trump, o grande amigo de Putin, terá usufruído da preciosa ajuda dos seus “dark net services” para combater e derrubar a opositora Hilary Clinton.
Claro está que a dualidade maniqueísta de alguns jurará a pés juntos que tudo isto são teorias de conspiração. Certo, há quem só veja o que quer ver, de acordo com os antolhos usados. E os herdeiros russos, na sua orfandade, ainda pululam por aí.
Putin, depois da ignominiosa e criminosa invasão da Ucrânia, país soberano, perante as reações adversas generalizadas à vileza do acto, passou a comunicar pela mentira.
Comunicar pela mentira para dentro, para consumo dos seus compatriotas russos, num país que há décadas vive sob o terror de uma censura musculada e onde, hoje, quem escrever sobre a guerra vivida, se não for alinhado com as teses do kremlin, se sujeita à prisão com penas até 15 anos.
Este povo tem esta triste sina, este karma tão duramente expiado desde há séculos, com a epifania durante o totalitarismo estalinista, entre 1927 e 1953.
Mas Putin sente também a imperiosidade de comunicar para fora a sua versão refundida e reciclada a seu bel-prazer das atrocidades cometidas e tal, repita-se, perante a reprovação planetária.
Quando Putin afirma sem se rir que “Todo o planeta está agora a pagar pelas ambições do Ocidente”, usa uma verdade parcialmente inquestionável, pois, de uma maneira ou outra o mundo inteiro pagará o custo elevado dos seus delírios. O erro está apenas na palavra “ocidente”.
Segundo relatório do Centro para o Desenvolvimento Global, 40 milhões de pessoas serão atiradas para a pobreza extrema por causa dos preços da energia. Os preços da energia, no mercado especulativo dos abutres da guerra, dispararam devido à invasão da Ucrânia e à situação de guerra gerada. Muitas vítimas pagarão a insânia do “Corleone” russo, nababo que diz ter de seu um apartamento de 74 m2, esquecendo-se, entre outros, do palácio sobre o Mar Negro, instalado numa área 39 vezes superior ao Principado do Mónaco.
Esta cínica rábula já aconteceu, entre outros países, no Iraque, no Irão, no Afeganistão…
Afinal, os agora clamantes da paz venderam milhões de euros de armas à Rússia. Se o remorso matasse tínhamos nova carnificina…
Enquanto isso, Putin, no seu brutal cinismo fala em “auto-purificação”. Não há-de ser fácil, cem mil cilícios não lhe chegarão… enquanto o ás do eufemismo, Vassily Nebenzia, tal como o sinistro ministro Lavrov, diz que tudo se trata apenas “de uma guerra de comunicação” com muita “realidade alternativa” à mistura. Lol…
(Fotos DR)