Numa altura em que Rui Rio aposta fortemente nas faixas etárias mais jovens para encabeçarem as listas a deputados dos diversos círculos eleitorais, Viseu é uma das excepções apontando Ruas, enquanto quota nacional, para cabeça de lista por Viseu.
É crível que esta estratégia sirva mais fins, entre eles o de ocupar o ex-presidente da Câmara Municipal de Viseu e ex-deputado europeu que andará na casa dos 70, mas ainda cheio de vigor, sem vontade de ir cuidar do jardim e com alguma gana de tratar da “saúde” ao seu sucessor Almeida Henriques. E, no fundo, se os proventos auferidos são desproporcionais e Lisboa fica temporalmente mais longe do que Bruxelas, sempre é melhor que passar o dia no ginásio, nos intervalos dando entrevistas a dizer “segurem-me senão eu mato-o!” — espécie de rábula do pastor e do lobo já desacreditada.
Claro que depois, inevitavelmente e por uma questão de todo o bom-senso, terá que vir Pedro Alves, líder da distrital e que seria naturalmente o primeiro da lista, por consenso dos autarcas e por unanimidade da distrital.
Em terceiro lugar e por força da paridade, dois nomes se desenham. O de Eugénia Duarte, do Sátão e o de Carla Borges, de Tondela. Se a primeira já conhece o lugar, por exercício em substituição de Leitão Amaro, a segunda, vice-presidente da autarquia de Tondela, uma das cidades mais relevantes do distrito em termos industriais e populacionais, presidente das Mulheres Social-Democratas do distrito, terá mais expressividade para ocupar o terceiro lugar da lista, inevitavelmente e com plena justiça, o quarto cabendo a Lima Costa, de S. João da Pesqueira, deputado que desempenhou o seu lugar com elevação e competência.
O quinto, dando relevo a um território ainda não contemplado, será Telmo Antunes, o ex-presidente da Segurança Social e ex-presidente da Câmara de Vouzela, pessoa experiente e de fino trato.
E se já entramos no ranking dos dificilmente elegíveis – tendo presente que o distrito perderá um deputado, baixando de 9 para 8 por recuo demográfico, o que é lastimável — deverá ainda e pela lei das quotas aparecer um nome feminino, Eugénia Duarte, em sexto lugar. Guilherme Duarte, de Tondela, poderá representar a JSD, surgindo em sétimo.
Lembramos que o principal opositor local ao PSD, o PS ainda não conseguiu fazer lista, eventualmente pela frouxa liderança da Federação, “comanditada” por um presidente que se move noutras águas mais profícuas, António Borges. Mas também pelo longo cortejo de candidatos, a maior parte deles com imensa apetência e escassa competência, não se vendo nos nomes que soam trazidos pela nortada, ninguém de excelência… a não ser que António Costa, num rasgo de inteligência, ao chamar a si pela quota nacional um nome com indiscutíveis créditos firmados e provas dadas, tenha a “iluminação” de escolher the right man in the right place.
Paulo Neto
(Foto DR)