O que era a caixa de Pandora? De acordo com a mitologia, uma arca onde os deuses colocaram todas as desgraças da humanidade. A discórdia, as guerras, as doenças, etc. O mito de Pandora congregava todos os males do mundo. Uma vez aberta…
Nos Pandora Papers constam mais de 330 políticos de mais de 90 países. Revelam ainda a ligação entre a banca, os escritórios de advogados e os clientes visando criar complexas estruturas societárias. Actualmente há 79 países e territórios onde são praticados os ditos regimes de tributação privilegiada.
Há quem designe os paraísos fiscais como “jurisdições com baixa ou nula tributação”. Estas jurisdições exercem administrativamente na área fiscal com o principal objectivo de evitar a transparência dos actos.
É curiosa a transcrição de uma conversa entre um jornalista brasileiro (Assis Moreira) e um operador de um paraíso fiscal: “
“Para sua situação, o melhor é abrir uma empresa offshore em Hong Kong e uma conta na Letónia, por um custo total de 2.900 €. Assim, seu anonimato será totalmente garantido e a empresa dará o pretexto (importação/exportação) para transferir fundos do Brasil para a Europa. As despesas bancárias são mínimas, de 50 a 70 € por ano, e a renovação da empresa custa 700 € por ano”.
As regras de ouro de um paraíso fiscal, a confidencialidade e a opacidade, permitem, entre outros, a ocultação de fluxos de capital e a lavagem de dinheiro.
Segundo a IPEA brasileira, “os paraísos fiscais permitem complexas formas de evasão de divisas, possibilitando a apropriação de diferenciais de tributos entre países, bem como a configuração de estratégias de investimento pelas instituições financeiras, corporações e pessoas físicas”.
Em Portugal e só para lembrar, entre 2011 e 2014 o fisco não terá controlado a saída de 10 mil milhões de euros para offshores (uma grande “bazuca”!). Alguém respondeu por isso, nomeadamente os secretários de estado dos Assuntos Fiscais à época?
Hoje soube-se da existência, para já, dos nomes de três políticos portugueses constantes dos Pandora Papers: Vitalino Canas, Nuno Morais Sarmento e Manuel Pinho, os quais já vieram às televisões explicar que sim, estão lá, mas dentro da total legalidade. Outra coisa não seria de esperar.