Ovelha ruiva, como é assim cuida
Por isso, quando Passos Coelho fala de embustes, apesar de ser medíocre em LP, ele sabe do que fala e, decerto, fazendo um flash-back, se estará a lembrar dos muitos que perpetrou enquanto esteve ao leme da Nação.
Passos Coelho não é um expert em língua portuguesa. Aliás, creio que não é perito em coisa nenhuma, para além de umas artes menores em ilusionismo e prestidigitação.
Também é razoável em fazer de contas que no passado recente não existiu um filme de terror a passar nos ecrãs lusitanos, no qual ele foi o realizador e o protagonista ou artista principal.
Referindo-se ao Orçamento de Estado, Passos Coelho, centrado na sobretaxa do IRS, apodou-o de “embuste”, que o mesmo é dizer “Acção ou resultado de enganar artificiosamente, de enredar, de burlar; mentira engenhosa; ardil, logro, patranha” (Dic. da Academia das Ciências de Lisboa-Verbo).
Passos Coelho auto-lexiviou-se num “ai”e aos seus quatro anos de governação, amnesiou-se e esqueceu-se mesmo que, em vésperas de legislativas, prometeu ao país, ele e o outro Dupont-Portas, a devolução de 35% do valor da sobretaxa do IRS.
Logo após as eleições e atingidos os objectivos que justificaram o “embuste”, o governo baixou a promessa de 35 para 9,7% para, menos de um mês depois se verificar que, afinal, o valor era de 0%.
Por isso, quando Passos Coelho fala de embustes, apesar de ser medíocre em LP, ele sabe do que fala e, decerto, fazendo um flash-back, se estará a lembrar dos muitos que perpetrou enquanto esteve ao leme da Nação.
Porém, a pouca vergonha e o despudor – que fariam corar uma prostituta num bordel – não lhe assistem como virtude, porque nele, a virtude, não lhe é prática comum do bem, mas é-lhe antes, etimologicamente, uma “potência” ou força viril de língua, que premeia quem mais mente, fazendo absoluto jus ao aforismo: “Ovelha ruiva, como é assim cuida”.