Para mágoa de todos nós, a constatação do continuado número de óbitos em ipss’s, misericórdias, fundações, lares… trouxe ao de cima intoleráveis fragilidades do sistema e, essencialmente, o pouco valor dos idosos na nossa sociedade.
Sem polémicas, que em sede própria serão (talvez) dilucidadas, o efeito está à vista e é irrefutável: No lar de Reguengos de Monsaraz, Lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, declarou-se um surto epidemiológico com 80 utentes e 26 profissionais infectados que, ao momento, resultou em 18 mortes.
Se todo o efeito tem sua causa, qual será ela aqui?
De concreto assiste-se a um inexplicável jogo de ping-pong pelo qual se tentam, não só descartar as responsabilidades, como também imputá-las a outros parceiros, ARS e Ordem dos Médicos a baterem duras bolas. Ou por outras palavras, um público “lavar de roupa suja”.
De momento, o presidente da Câmara local, José Calixto está de férias e não presta mais declarações, o presidente da ARSA, José Robalo, muita agastado e agressivo, afirma ter sido possível haver ajustes na actuação, mas que no essencial houve cumprimento – que faria se não houvesse… e o presidente do Centro Distrital de Évora, José Ramalho, que tudo (?) terá feito na fiscalização e acompanhamento das boas condições de segurança do lar, são apodados por alguma imprensa como “os Zés da Teia” (socialista, entenda-se), agora muito sensibilizados, alertados e até receosos das possíveis consequências criminais de uma eventual negligência e incúria, mas também das negativas ilações políticas daí advenientes.
A própria ministra do Trabalho e Segurança Social, Ana Godinho, não ficou bem no retrato pela forma despicienda como de início encarou e tratou do caso. Mão emendada, aparece agora ao lado de António Costa a prometer mais de uma centena de milhões de euros e 15 mil profissionais para o sector… a trancar as portas depois da casa roubada. Talvez até saia legislação a tornar integralmente gratuito o acolhimento dos idosos… e a impedir as instituições públicas de lhes cobrar pensão. Quem sabe?
Para descanso dos portugueses bom seria que tudo fosse minuciosamente apurado, de forma profiláctica e positiva, para obviar à repetição de situações análogas.
Um país que não protege os seus anciãos, perdido a afeição pelos seus ascendentes, não pode ter o respeito dos seus concidadãos, os em breve idosos de amanhã…
(Foto ASPX DR)