Os “ses”, os “mas” e os “apesares” de Passos.

  Passos anuncia… mas. Passos afirma… se. Passos confirma… porém. Passos clarifica… todavia. Passos soluciona… não obstante. Passos equaciona… ainda assim. Passos diz…apesar disso. Passos repete… no entanto. Passos tem a certeza… se Passos é inequívoco… a não ser que. Passos determina… desde que. Passos aponta… a menos que. Passos sobe… salvo se. Passos desce… […]

  • 12:59 | Sábado, 03 de Maio de 2014
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Passos anuncia… mas.

Passos afirma… se.


Passos confirma… porém.

Passos clarifica… todavia.

Passos soluciona… não obstante.

Passos equaciona… ainda assim.

Passos diz…apesar disso.

Passos repete… no entanto.

Passos tem a certeza… se

Passos é inequívoco… a não ser que.

Passos determina… desde que.

Passos aponta… a menos que.

Passos sobe… salvo se.

Passos desce… contanto que.

Passos limpa… excepto se.

Passos representa… no caso que.

Passos não se engana… se bem que.

Passos fará… ainda que.

Passos não fará… apesar de que.

(…)

E por aí fora, aqui temos o campeão das conjunções adversativas – que estão em 1º lugar, condicionais – que ocupam o 2º posto e concessivas – no final da tabela.

As conjunções unem ou criam dependência entre frases. No caso, tentam iludir com pseudo nexo o vazio semântico.

Como o advérbio de modo “praticamente” em final de frase, negando ou relativizando/desresponsabilizando o todo anteriormente referido.

Em Portugal nunca se viveu tão bem como hoje, praticamente.

Os salários em Portugal estão a nível da restante Europa, praticamente.

Eu não subo mais impostos, praticamente.

O vazio da retórica serve à vacuidade deste governo na eficácia dos seus propósitos.

E aqui assenta como uma luva a 5ª estratégia da manipulação mediática/discursiva segundo Chomsky.

“Dirigir-se ao público como criaturas de pouca idade com argumentos, personagens e entoações particularmente infantis, muitas vezes próximas da debilidade, como se o espectador/leitor/ouvinte fosse uma criança ou um deficiente mental. Quanto mais se intenta enganar mais se tende a adoptar um tom infantilizante. Porquê? Se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, então, em razão da sugestibilidade, tenderá com certa probabilidade, a uma resposta ou reacção também desprovida de um sentido crítico…”

Passos sabe usar na perfeição esta arte, passando um atestado de menoridade cognitiva aos portugueses e dizendo-lhes entrelinhas: “Sois tão burros que comeis toda a palha mofenta que vos ponho na manjedoira!”

E tal constatação evidencia-se, ancha, na ausência de uma reacção assertiva e na complacência estóica de um povo que aguenta todas as estocadas destes filibusteiros de pacotilha, que um dia dizem uma coisa de manhã, à tarde o seu contrário; desdizem hoje o que juraram ontem, prometem agora o que renegarão amanhã.

A descredibilização total de uns pinóquios para os quais olhamos com náusea e ouvimos com uma complacência que eles têm como afiançada…

 

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