Os façanheiros do costume…

Há um antigo provérbio africano que refere: “Até que os leões tenham os seus próprios historiadores, as histórias das caçadas continuarão a glorificar o caçador.” Ao reflectir sobre esta velha sabedoria popular, não sei por qual associação básica de ideias, acudiu-me ao espírito (fatigado) Almeida Henriques & Sobrado, os dois autarcas maravilha do burgo, mestres […]

  • 22:12 | Sexta-feira, 07 de Junho de 2019
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Há um antigo provérbio africano que refere: “Até que os leões tenham os seus próprios historiadores, as histórias das caçadas continuarão a glorificar o caçador.

Ao reflectir sobre esta velha sabedoria popular, não sei por qual associação básica de ideias, acudiu-me ao espírito (fatigado) Almeida Henriques & Sobrado, os dois autarcas maravilha do burgo, mestres apurados na supina arte da ilusão, os reescrevinhadores da história política viseense – de outrora e de hoje – aqueles que encarnaram o discurso da glorificação e, pelas palavras semeadas aos sete ventos por todas as regueiras escoadas do Rossio e ecoadas por todos os pulitzer à gamela amesendados, se tornaram, não pela sapiência, não pela eloquência – que essa já nem cuida nem cura nos receptores actuais – não pelas obras feitas, não pelas promessas cumpridas, não pelo labor diligente em prol dos munícipes, não pelo rigor ético-comportamental, mas antes pela boçal argumentação, pela reiterada prestidigitação comunicacional, pela invisibilidade das apregoadas realizações, pelo incumprimento sistemático do arengado, pelo desapreço por quem os elegeu, pela maleabilidade anética… se tornaram, repito, nos arautos da nova verdade, a qual, a acefalia vigente acolhe como coroas de louro de derrotados que, em fuga acelerada para diante, trombeteiam a glória dos seus troféus sem que de entre a turbamulta alheada e/ou cortesã irrompa um céptico ciente que brade:

O Rei vai nu!


Paulo Neto

(Foto DR)

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Publicado em Editorial