Este aforismo está sempre actual e, depois desta espécie de longuíssimo minueto barroco cheio de salamaleques, avanços e recuos, chegou o momento da clarificação dos votos no Orçamento de Estado para 2022.
Na defesa dos patrões, o PSD e o CDS reprovaram-no ab initio. Na defesa dos “trabalhadores” o PCP chumbou-o e o BE tomou a cómoda posição da abstenção, juntamente com o PAN, as duas deputadas “independentes” e quem mais se verá. Claro está que todo este “vol-au-vent” se refere à generalidade, sendo o derradeiro round o da votação final, prenhe de hitchcockiano suspense, com ou sem agitados corvos a pairar.
Pôs-se assim termo a esta espécie de telenovela sertaneja ou western spaghetti que já enjoava por excesso. Excesso talvez dos meios de comunicação social que, sedentos de conteúdos e necessitados de encher chouriços a qualquer custo, fizeram dos magnos debates de treinadores de futebol e dos não-diálogos entre o PS o PCP e o BE a temática dos dias vazios.
Sim, felizmente não há vulcões todos os dias e quando se tornam permanentes, deixam de ser “espectáculo”…
Evidentemente que para além do charivari mediático ainda há vida e, essa, travou-se com muitas reuniões de concertação ou desconcertação nos bastidores e com o Presidente da República a esforçar-se por ser o árbitro deste “boring match” que, por demasia, se tornou agoniante e deixou os portugueses a suspirar por eleições antecipadas, despreocupados dos custos que elas em si carreiam, tanto como os partidos que as provocaram.
Provavelmente há mundo para além deste cenário. Com custos ou sem eles. Com atrasos e antecipações. Com prejuízos ou ganhos.
Entretanto dá-se tempo ao PSD do Rio e do Rangel e ao CDS do Santos e do Melo para se canibalizarem com esmero, à grande e à francesa, enquanto por uma esconsa fresta, o Ventura mira e se rebola de gáudio, pronto a recolher os frangalhos sobrantes das escaramuças de alecrim e manjerona.